Vinte e quatro municípios do país concentram a metade do desmatamento do cerrado brasileiro, conforme divulgação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a partir de dados detectados por satélite do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real – Deter. Quase todos eles fazem parte da fronteira agrícola na região conhecida como Matopiba – acrônimo que se refere aos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Ao todo, dos municípios com maiores desmatamentos de Cerrado este ano, 10 estão na Bahia, cinco no Maranhão, quatro no Piauí, três no Tocantins, um no Mato Grosso e um no Pará. (veja gráfico abaixo)
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Os números do desmatamento em todo o Cerrado mostram aumento de 35% de perda de vegetação, entre janeiro e maio de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022. Foram 3.532 quilômetros quadrados (km²) de área desmatada este ano, contra 2.612 km² no ano passado.
Na comparação com períodos anteriores, o desmatamento deste ano é o pior pelo menos desde 2017. Quando se compara apenas o mês de maio, o aumento no desmatamento chegou a 83% no mês passado em relação ao mesmo período de 2023.
Municípios que mais desmataram na Bahia estão no Oeste do estado.
Em relação aos municípios que mais registraram desmatamento do Cerrado, despontam nas primeiras posições São Desidério e Jaborandi, no Oeste da Bahia. Os dois juntos representam mais de 11% da área desmatada. A lista também inclui Balsas, no Maranhão, e outras cidades baianas também conhecidas pelo crescimento do agronegócio
O sistema Deter é um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal de todo o país, feito pelo Inpe, como forma de orientar o trabalho de fiscalização ambiental. Ele não costuma ser usado para analisar períodos curtos, como comparativos mês a mês, por causa da alta volatilidade da cobertura de nuvens.
Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a maior parte do desmatamento, cerca de 77%, foi detectada em imóveis rurais com registro público no Cadastro Ambiental Rural (CAR), em que o governo consegue identificar o responsável pela área, seja um proprietário ou posseiro em processo de regularização fundiária. Outros 15,9% foram em assentamentos rurais e uma porção menor, de 4,2%, foram em áreas de preservação ambiental.
Desmatamentos autorizados
Apesar do aumento, o governo federal avalia que boa parte do desmatamento em regiões do bioma teve autorização de órgãos ambientais, mas os dados ainda precisarão ser checados.
“A nossa estimativa é que mais da metade do desmatamento no Cerrado é autorizado pelos órgãos ambientais estaduais. Nosso grande desafio agora é sincronizar essas informações e dados para, realmente, identificar o que é autorizado, de fato, para fazer uma fiscalização mais eficiente”,
aponta o secretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima.
No Cerrado, a legislação é mais permissiva com o desmatamento para atividades agropecuárias. Na parte do bioma que não está inserida em estados da Amazônia Legal, a reserva legal obrigatória é de 35% da área. Nas demais regiões, esse limite cai para 20%. Enquanto isso, na Amazônia, a área que pode ser desmatada com autorização é de 20% do imóvel rural.
Outros municípios que mais desmataram conforme o INPE
Maranhão:
- Balsas – 144,68 km² – 4,1%
- Mirador – 60,02 km² – 1,7%
- Caxias – 48,43 km² – 1,4%
- Alto Parnaíba – 34,36 km² – 1,0%
- São Félix de Blasa – 25,77 km² – 0,7%
Piauí
- Sebastião Leal – 105,16 km² – 3,0%
- Baixa Grande do Ribeiro – 79,59 km² – 2,3%
- Uruçui – 57,96 km² – 1,6%
- Santa Filomena – 40,45 km² – 1,1%
Tocantins
- Rio do Sono – 30,95 km² – 0,9%
- Pium – 27,67 km² – 0,8%
- Peixe – 26,71 km² – 0,8%
Mato Grosso – Comodoro – 33,3 km² – 0,9%
Pará – Santa Maria das Barreiras – 33,83 km² – 1,0%
Com Agência Brasil