A gasolina vai voltar, mas a crise não vai terminar

Ainda secos, é possível que segunda ou terça-feira já comece a se normalizar a situação dos postos de combustíveis.

Ainda secos, é possível que segunda ou terça-feira já comece a se normalizar a situação dos postos de combustíveis

O que não quer dizer que, em alguma outra coisa que não sejam as bombas de gasolina algo possa ser descrito como “normal”.

Os remanescentes do PSDB, aquartelados nos órgãos de imprensa, levantarão barricadas pela permanência de Pedro Parente na direção da Petrobras, defendendo os valores absolutos da “liberdade de mercado” contra o “dragão dos impostos” dos quais, afinal, apesar de todos os desvios e encanamentos do rentismo, ainda pingam algumas gotas para os serviços à população.

A Globo, paradoxalmente, vai atacar os empresários de transporte, preocupada com a agressividade crescente da extrema-direita liderada na política por Jair Bolsonaro, numa tentativa de criar uma “mini Lava Jato” do bloqueio das estradas, com poucas chances de êxito. E atacando a anunciada greve dos petroleiros, prevista para quarta feira e que tem como pauta a redução do preço do gás, gasolina e diesel e a demissão de Pedro Parente.

No Congresso, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira vão pegar carona na insatisfação da classe média com o agonizante Michel Temer e com os preços dos combustíveis. Alckmin mantem um silêncio compatível com sua situação nas pesquisas: sepulcral. Até seu principal porta-voz na mídia, Merval Pereira, admite hoje que a situação do partido é de “falência“. Claro que ele atribui a mesma situação ao PT, embora não haja nenhuma palavra sobre como um partido falido pode ter seu líder, preso e difamado, disparado à frente das enquetes eleitorais.

Teresa Cruvinel, no JB, observa, com razão, que “o governo zerou a credibilidade e ficou completamente refém do Congresso. A conta alta vem ai, apontando para o fundo do poço”.

Com todos os desvios que a especulação pode sinalizar, é certo que haverá uma deterioração da já precária situação da economia. Virão aí rebaixamentos seguidos das previsões de crescimento do PIB, elevação – ainda que moderada pela recessão – dos índices de inflação e uma tendência de elevação de juros que pode, adiante, ser grave.

A crise política só vai arrefecer se o país retomar ao menos o rumo do aquecimento da economia.

Do contrário, viveremos o que é bem expresso num velho ditado popular: casa onde falta o pão e ninguém tem razão.

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