Agricultura familiar avança em 4 a cada 10 cidades da Bahia

O número de estabelecimentos da agricultura familiar registrou avanço em 4 a cada 10 municípios baianos entre 2006 e 2017, revelou nesta sexta-feira (25) o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento ocorreu em 165 cidades – 39,6% do total de 417 municípios baianos.

No geral, contudo, a agricultura familiar perdeu participação em relação a 2006 tanto no número de estabelecimentos, quanto na área ocupada e no valor gerado pela agropecuária, conforme a pesquisa do IBGE, que ouviu mais de 784 mil produtores rurais da Bahia. E essa mesma situação foi registrada em outros estados.

Entre 2006 e 2017, na Bahia, o número de estabelecimentos classificados como familiares, segundo o estabelecido na legislação de cada momento, caiu 10,9%, passando de 665.767 para 593.411. A área ocupada por eles teve um recuo de 9,4%, de 9.946.156 para 9.009.143 hectares.

Assim, no estado, a participação dos estabelecimentos familiares no total caiu de 87,4% para 77,8%, enquanto a área ocupada por eles passou de 33,6% para 32,2% do território dedicado à produção agropecuária. Consultados sobre explicações para esses dados, o IBGE e o Governo da Bahia deram respostas diferentes.

Supervisor de Pesquisas Agropecuárias do IBGE, Augusto Barreto disse que a redução de estabelecimentos da agricultura familiar na Bahia não tem uma causa só, mas ele lembra que entre “no semiárido, entre 2012 e 2017, tivemos uma das piores secas do estado, e isso pode ter impactado na redução dos estabelecimentos”.

Jeandro Ribeiro chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR) e secretário em exercício, tem opinião contrária.

“Se houve uma redução do número de estabelecimentos da agricultura familiar, foi porque houve uma evolução dos produtores que antes eram familiares e foram desenquadrados como tal”, disse, informando em seguida que nos últimos 4 anos a SDR investiu R$ 1,2 bilhão no setor.

Municípios

Em se tratando de cidades, o Censo Agropecuário do IBGE mostrou que os maiores aumentos absolutos foram registrados em Santo Amaro, onde o número de estabelecimentos familiares mais que triplicou entre 2006 e 2017, de 791 para 2.604; Vitória da Conquista (de 3.085 para 4.681); e Itiúba (de 1.820 para 3.038).

Em 2017, Macaúbas (5.799), Casa Nova (5.729) e Feira de Santana (5.693) eram os três municípios baianos com mais estabelecimentos dedicados à produção familiar.

Por outro lado, embora tivessem bem menos estabelecimentos familiares em números absolutos, Brotas de Macaúbas (96,3%), Chorrochó (95,9%) e Itaparica (95,3%) lideravam em termos de participação deles no total.

Um grupo de 25 municípios baianos (6,0% do total) tinha 90,0% ou mais de seus estabelecimentos agropecuários classificados como familiares em 2017.

Casa Nova (174.093 ha), Pilão Arcado (104.865 ha) e Campo Formoso (100.369 ha) eram, nessa ordem, os municípios baianos que, em 2017, tinham as maiores áreas destinadas à agropecuária familiar.

Pilão Arcado também tinham o maior percentual da área de estabelecimentos agropecuários dedicada à produção familiar (87,5% do total), seguido, nesse quesito, por Tanque Novo (86,9%) e Itaparica (86,4%).

Em termos absolutos, Campo Alegre de Lourdes (mais 23.573 hectares), Pau Brasil (+21.966 ha) e Campo Formoso (+21.319 ha) tiveram os maiores crescimentos na área de estabelecimentos familiares.

Na avaliação da SDR, esse crescimento se dá mais por conta da organização dos trabalhadores em cooperativas, as quais aproveitam melhor os produtos nativos, com o beneficiamento dos mesmos em agroindústrias. É o que ocorre, por exemplo, em Jiló, povoado de Várzea Nova, no Território Piemonte da Diamantina.

É lá que está localizada a Coopag, que há 15 anos tinha 230 cooperados e hoje tem 430, segundo informou o presidente da cooperativa Fred Jordão.

“Nosso trabalho tem favorecido para o surgimento de novas áreas da agricultura familiar e fazer com que áreas que estavam abandonadas por falta de incentivo voltassem a ser produtivas”, ele disse, informando em seguida que ano passado a Coopag fechou o ano com lucro de R$ 100 mil.

Em Jiló, a Coopag atua com uma linha de laticínios, como iogurtes de café, umbu e licuri, vendidos em Salvador e outras cidades da Bahia. Além de iogurtes, produz queijos, manteiga, néctar e polpas de frutas.

De acordo com Fred Jordão, a produção mensal é de 120 mil litros de iogurte, 3 mil quilos de manteiga, 5 mil quilos de queijo e 40 mil quilos de polpas de frutas.

Recentemente, a cooperativa também foi contemplada com de R$1,4 milhão, no edital Alianças Produtivas Territoriais, do projeto Bahia Produtiva, da SDR e que visa estimular o crescimento produtivo da agricultura familiar da Bahia, por meio de parcerias com o setor privado.

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