O agronegócio brasileiro é líder na digitalização e está à frente dos seus principais concorrentes: Estados Unidos e Europa. O dado é do estudo “A cabeça do agricultor na era digital”, da empresa de consultoria americana Mckinsey, realizado neste ano. Os dados mostram que em 2021 46% dos produtores rurais do Brasil utilizam ferramentas digitais. Já nos Estados Unidos o percentual é de 31%; e na União Europeia, 22%.
Porém, o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileira de Geografia e Estatística em 2017, mostrou que 70% das propriedades rurais no país não possuíam conexão. A chegada do 5G no Brasil, com leilão marcado para 4 de novembro, tende a mudar esse cenário, afirma o ministro das comunicações Fábio Faria. “Todos os setores serão beneficiados com 5G, mas acredito que o agronegócio será o mais beneficiado. O 5G standalone suporta um milhão de dispositivos, né? É a internet massiva, é mais rápida, mais conectada. Todas as empresas que nós visitamos no mundo estão prontas para atender o agro brasileiro, no outro dia do leilão.”
Existem dois tipos de tecnologia 5G, o superintendente de competição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Abraão Balbino, explica quais são e as diferenças entre elas. “Existe o 5G standalone é o puro, no estado para o qual ele foi desenvolvido, um 5G real. 5G não não standalone é uma espécie de migração das redes 4G”.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Vinicius Marchese, aponta que a conectividade no campo se desdobra em uma série de benefícios quando se trata de eficiência na produção. “A tecnologia 5G vem para dar condições aos produtores para aumentar a produtividade e ser mais eficiente. Só na economia brasileira o agronegócio representa 26% do PIB (Produto Interno Bruto) e pode ter esse ganho de parcelas se a gente realmente conseguir implementar o 5G para que se gere mais eficiência na nossa produtividade”.
O engenheiro agrônomo Marchese afirma que com o 5G as máquinas aumentam sua capacidade de produção e autonomia, o que diminui os custos e aumenta a competitividade. Outro fator que terá grande impacto com a chegada da nova tecnologia é a geração de empregos. “O 5G vai trazer muito a mão de obra jovem para o campo, a conectividade vai despertar o interesse. Então, o 5G vem cumprindo um papel de cobertura de tecnologia que se desdobra em uma série de possibilidades”, afirma Vinicius Marchese.
“O uso de tecnologias digitais habilitadas pela comunicação móvel é essencial”, garante Felippe Antonelle da Jacto Next, empresa do segmento de máquinas e equipamentos para agricultura de precisão. O gerente de negócios diz que o agronegócio brasileiro passa por uma grande transformação digital. Uma vez que tecnologia era sinônimo de grandes propriedades, agora ela é democratizada para todos os produtores rurais.
“Com a 5G, o produtor terá conhecimento em tempo real de todos os processos e poderá tomar decisões de forma muito mais rápida e assertiva, às vezes de forma preditiva, impedindo que os danos econômicos ocorram antes mesmo dos problemas aparecerem. Sem dúvidas o setor do agronegócio será um dos principais beneficiados com a quinta geração da telefonia móvel, serão ganhos que traduzem crescimento em toda a nossa cadeia produtiva, em todas as suas etapas de produção, antes, dentro e depois da porteira.”
O agricultor e proprietário da empresa Cobucci Agro, Tarcísio Cobucci, conta que as tecnologias já são bastante empregadas na sua empresa e acredita que a 5G vai ampliar o uso de equipamentos de última geração. “Nós usamos a tecnologia no trator com o GPS que nos ajuda a plantar, a pulverizar… Não temos problemas de conectar internet lá na fazenda, mas é claro que vamos precisar da tecnologia 5G, dessa velocidade, na hora que a gente começar a trabalhar com equipamentos com aplicação de drones, para fazer a mapeamento de área.”
O município de Rio Verde (GO) recebeu em dezembro do ano passado uma rede de testes de 5G para o agronegócio. O experimento foi liderado pelo Centro de Excelência em Agro Exponencial (CEAGRE), em parceria com o Instituto Federal Goiano, com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), com o Estado de Goiás e com a Prefeitura de Rio Verde que coordenou a prova de conhecimento.
“Tivemos bons resultados, foi o primeiro passo para a compreensão sobre os desafios e oportunidades desse tipo de conexão no local. Nossa região é altamente tecnificada no agro e os implementos agrícolas possuem cada vez mais tecnologia embarcada que precisam de recursos para sua execução no campo, um deles é a conectividade com a internet. A tecnologia 5G pode oferecer uma rede de conexão mais estruturada aos produtores. A 5G é o futuro e caminhamos para ele, mas a conectividade do agro ainda precisa se desenvolver em vários quesitos, algo que o próprio município e parceiros estão buscando e desenvolvendo políticas públicas para dar suporte nesta jornada”, informou a CEAGRE por nota.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), se o Brasil ampliar a conexão do campo em 25%, o valor bruto da produção agropecuária brasileira pode aumentar 6,3%.
Fonte: Brasil 61