por Rayllanna Lima da Tribuna da Bahia
Natural de Caetité, no interior da Bahia, Anísio Teixeira (1900-1971) foi, sem sombra de dúvidas, o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira. Uma figura emblemática que, além de fazer muito pelo ensino no Brasil, também possibilitou melhorias na educação do povo baiano ao ampliar o sistema educacional, privilegiando a formação de professores.
No século XX, em meio a um cenário de desigualdades educacionais e de discriminações, Anísio Teixeira desempenhou o papel de conscientizar os administradores públicos pelos direitos dos menos favorecidos, bem como a melhorar o ensino para todos os cidadãos.
A ele e ao seu pioneirismo que se deve a implantação de diversas escolas públicas em todo território nacional, como bem lembra o escritor Robison Sá, em seu artigo “A influência de Anísio Teixeira na Educação Brasileira”. Entre as décadas de 1920 e 1930, Anísio também foi responsável por difundir os pressupostos do movimento Escola Nova, visando contribuir para o desenvolvimento do intelecto e a capacidade de julgamento, sobretudo no que diz respeito à memorização.
“Para Teixeira, como a sociedade encontrava-se transformada num novo paradigma, com novas exigências e necessidades, seria necessário, também, até mesmo como reflexo da demanda desse novo modelo de sociedade, um novo paradigma de homem. Esse novo indivíduo deveria estar preparado para os desafios advindos desse novo cenário e a educação seria o meio de proporcionar-lhe essa preparação”, escreveu Robison Sá.
Anísio foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, defendendo o ensino público, gratuito, laico e obrigatório. Foi também ele que fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, hoje transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Pedagogo implementou na Bahia o sistema educacional de outros países
De Caetité para o mundo, o baiano, em 1924, assumiu o cargo de Inspetor Geral de Ensino (cargo hoje equivalente ao de secretário da Educação), quando iniciou sua carreira de pedagogo e administrador público, a pedido do então governador da Bahia, Góes Calmon.
Para melhor desempenhar esta função, viajou para a Europa, onde observou o sistema educacional de diversos países — implementando em seguida várias reformas no ensino do estado. Em sua terra natal, reinaugurou a Escola Normal, que havia sido fechada por Severino Vieira em 1901.
É lá em Caetité que se mantém a Fundação Anísio Teixeira, presidida por sua filha Anna Cristina Teixeira Monteiro de Barros, com apoio governamental (Estado e Município) e da iniciativa privada; além da Casa Anísio Teixeira, com biblioteca, museu, cine-teatro e biblioteca móvel. A instituição leva conhecimento e mantém viva a memória do grande educador brasileiro.
Em Salvador, criou a Escola Parque (hoje Centro Educacional Carneiro Ribeiro), em Salvador, que se tornou um centro pioneiro de educação integral.
Nos anos 1950, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), que, governo de Fernando Henrique Cardoso, passou a se chamar Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Foi também o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES), criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, assinado presidente Getúlio Vargas. Anísio Teixeira dirigiu a entidade até o golpe de 1964.
“Escrevi um livro sobre as 50 personalidades marcantes do Brasil. Entre elas, incluí o nome do baiano Anísio Teixeira, pela sua importância na educação, na construção da maturidade, prosperidade e da felicidade dos povos. Conclui que o papel que ele desempenhou em favor da educação brasileira é de tamanho relevo que gente como Monteiro Lobato e Jorge Amado – e tantos outros intelectuais – exaltaram a sua inteligência. Dos cinco mais importantes brasileiros de todos os tempos, certamente Anísio Teixeira seria um deles”, disse em entrevista à Tribuna o presidente da Academia de Letras da Bahia, Joaci Góes.