O European Journal of Preventive Cardiology publicou este ano um estudo realizado pela Universidade Nacional de Medicina de Seul que apontou que pessoas com transtornos mentais, como a ansiedade, têm três vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral.
A pesquisa foi realizada com dados de 6,5 milhões de pessoas de 20 a 39 anos de idade, obtidos através do Serviço Nacional de Seguro de Saúde da Coreia do Sul (NHIS). Entre os participantes, 856.927 apresentavam algum transtorno mental. Deste número, quase metade (48%) apresentava um quadro de ansiedade.
O estudo concluiu que os participantes com transtorno mental tiveram 58% mais chances de infarto do miocárdio e 42% mais risco de acidente vascular cerebral se comparados aos participantes sem algum transtorno do tipo.
“Apesar de não ser a causadora direta do problema cardíaco, a ansiedade pode ser o estopim para o surgimento dele, como em alguns casos de infarto”, pontua Sérgio Francisco, cirurgião cardiovascular.
No Brasil, cerca de 26% da população possui diagnóstico de ansiedade, de acordo com levantamento do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia).
Ansiedade como fator de risco para pacientes cardíacos
Sérgio Francisco explica como o organismo de pacientes predispostos a problemas cardíacos reage aos episódios de ansiedade. “A liberação de hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, durante os períodos de crise de ansiedade, pode precipitar o surgimento de um infarto, caso o paciente possua placas de entupimento das artérias do coração.”
No Congresso da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) de 2017, foi apresentado um estudo que associava o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ao aumento de 30% no risco de incidência de doença cardiovascular.
Segundo o especialista, pessoas que não possuem tal predisposição também precisam ficar atentas. “Mesmo em pacientes que não têm entupimentos no coração, pode ocorrer um infarto no que chamamos síndrome do coração partido, principalmente em mulheres jovens submetidas a alta carga de estresse”, destaca.
Sérgio Francisco reforça a necessidade de se atentar sempre que crises de ansiedade vierem acompanhadas de sintomas como falta de ar, desmaio, tontura ou dor no peito. “Qualquer um desses sintomas precisa ser investigado, pois, até que haja comprovação do contrário, é considerado causador de dificuldade na circulação sanguínea pelos pulmões, cérebro ou coração”, alerta o cardiologista.
Anualmente são registrados 400 mil óbitos no Brasil devido a problemas cardíacos, o que representa 30% das mortes do país, segundo informações do Ministério da Saúde. Apesar disso, 23,2% da população nunca foi ao cardiologista, aponta a Socesp.
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