Após escândalo, Jade pede suporte: “Precisa tornar o ambiente seguro”

Ginasta quer que medidas sejam tomadas e profissionais mais presentes para que pais e crianças se sintam à vontade na prática esportiva: "As crianças têm que ser vistas"

Jade Barbosa está desde os cinco anos envolvida com a ginástica artística no Flamengo. São 21 anos no clube onde construiu uma relação familiar. No ginásio rubro-negro, Jade se sente segura. Era isso que todos esperavam quando deixavam seus filhos nas escolinhas. Mas a divulgação de casos recentes de abuso sexual no esporte abalaram o meio e gerou preocupação por parte de atletas e principalmente de pais de crianças que frequentam as escolinhas.

A ginasta lamenta que o escândalo tenha estremecido a ginástica. Além de uma punição exemplar para aqueles que abusaram de atletas, Jade pede que medidas sejam tomadas dentro dos ginásios para que a confiança seja reestabelecida e que todos se sintam confortáveis em estar ou deixar os filhos nas escolinhas.

Flávia Saraiva, Diego Hypolito e Jade Barbosa (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

– Os clubes, federações, confederações têm que criar métodos para identificar e dar informação. Que o pai consiga identificar que a criança possa falar. Tem que tornar o ambiente seguro de novo para que as crianças tenham certeza que vão ser ouvidas. A ginástica trabalha com uma idade muito baixa. Então os pais deixam no ginásio e vão trabalhar e voltam. Eles precisam se sentir seguros de deixar os filhos aqui. É importante acompanhar de perto. O coordenador do ginásio acompanhar, o técnico acompanhar as crianças. Os responsáveis de cada área estarem mais presentes. As crianças serem mais vistas. Esse é o principal agora, renovar o ambiente para que as crianças se sintam à vontade para praticar esporte de novo.

Mas Jade lembra que esse não é um problema exclusivo da ginástica artística. A atleta de 26 anos torce para que os casos recentes não manchem a história construída por todos os envolvidos no esporte.

– Você vê que são 21 anos só de caminhada minha. O quanto a gente trabalhou para a ginástica chegar onde chegou. Não só o meu suor, mas desde professores de escolinha, faxineiras que cuidam do ginásio…é muita gente envolvida para chegar um fato desse e talvez manchar nossa história. É um caso muito sério. Se for realmente culpado, tem que ter uma punição. Não é o primeiro esporte que tem isso nem o último. A gente sabe que tem isso na sociedade. Qualquer lugar vai ter, na faculdade, no colégio. Que bom que isso está sendo exposto e que a gente está tendo a chance de resolver. Eu vejo o que aconteceu, e tem que resolver. O que tiver que fazer, a gente vai fazer em relação a ajudar os que sofreram, entender como tornar o ambiente melhor de novo – completou a ginasta.

Flavinha participou de camping de treinamento com seleção brasileira no Rio de Janeiro (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Companheira de Jade, Flavinha também lamentou os casos de abuso e pede que os responsáveis sejam punidos.

– Me entristece muito. Ficaria triste em qualquer esporte. Vai para o esporte para ter educação, para ter respeito e aí acontece isso. É triste. É uma situação complicada (falar sobre ser abusado). Vai de cada pessoa, de como ela está se sentindo, de estar confiante para falar. Não adianta um só falar, senão ninguém acredita.

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