Artesão de rua vira príncipe em festa de 15 anos no DF

do Portal Metropoles.com

Bailando contra o preconceito, a festa de debutante de Jéssica Costa deu exemplo de respeito ao próximo. Para celebrar a passagem para os 15 anos, a estudante escolheu um príncipe inusitado: o artesão das ruas James Aires Carvalho, de 20. Desde 2014, ele escolheu viver de “arte e sentimento”, como ele próprio define, sem teto, pelas BRs do Brasil.

“As pessoas deveriam perceber que não é porque alguém tem uma vida diferente que não deve ser considerado um cidadão ou convidado para qualquer festa. O James é uma pessoa incrível. Ele tem um coração massa. Anima os outros quando eles não estão em dias bons”, disse Jéssica, sorrindo, minutos antes da valsa do baile, realizado na noite de sábado (16/3), no Clube Naval de Brasília.

Nas idas e vindas pelo Brasil, James conheceu Jéssica, no começo deste ano, em Pirenópolis (GO). Ele vendia arte nas ruas da cidade turística. A amizade nasceu naturalmente e ambos tiveram uma forte ligação.

“Eu nem sabia que ela morava em Brasília. Por coincidência, fui para a cidade logo depois. E aí, um dia, eu estava em uma estação do metrô e vi dois pezinhos: era a Jess”, contou.

A jovem então disparou: “Eu vou te arrastar para a minha festa de debutante”. O artesão de rua ficou surpreso. “Nunca pensei que ia ser o príncipe. É uma honra. Nunca fui príncipe de ninguém”, disse o rapaz, durante a festa da noite de sábado.

Vida alternativa
O convite de Jéssica a James é um ato contra o preconceito. “Olham para a gente como se fôssemos meros moradores de rua, mas nossa vida é alternativa. Não tenho problema de dormir na parada de ônibus. Na vida alternativa, sempre conhecemos novas pessoas. A gente não tem nada, mas tem tudo ao mesmo tempo. Temos amizades verdadeiras e boas energias”, afirmou James.

Segundo ele, a vida nas ruas começou logo após a morte dos pais adotivos, há cinco anos. James morava no Rio de Janeiro. Ao saber da história de vida do rapaz, Jamile Costa, mãe de Jéssica ficou ainda mais orgulhosa do convite.

“Ainda há esperança nesse mundo”, comemorou Jamile. Familiares e amigos da estudante agora querem ajudar o artesão a ter um emprego em Brasília. Contudo, pelo menos até o fim do baile, James não tinha planos para o futuro.

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