O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e Levante Popular da Juventude ocuparam o Auditório Jorge Calmon, na manhã de ontem, dia 26, para denunciar os ataques sofridos pela educação no campo. As demandas foram debatidas em audiência pública proposta pelo deputado Bira Corôa (PT), presidente da Comissão Especial da Promoção da Igualdade.
“A ideia é ouvir e debater tudo o que os movimentos sociais tem a dizer neste momento. Dessa forma, podemos apontar os caminhos a serem trilhados e incluir as propostas nas plataformas dos governos que estão em disputa no ano de 2018”, disse Bira Corôa.
Críticas ao governo do presidente Michel Temer e a política de diminuição dos investimentos em educação foram debatidos na audiência. Evanildo Costa, líder do MST, denunciou a diminuição dos recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) de R$ 30 milhões para R$ 3 milhões.
Tassio Brito, assessor do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), lembrou da luta e a conquista da União Nacional dos Estudantes (UNE) em garantir os royalties do pré-sal para a educação. E como o governo federal acabou com essa política e ainda instituiu a PEC do Teto que tem influenciado nos cortes na educação do campo e, com isso, o corte de 10% do PIB para o setor.
Bira Corôa atentou que a agricultura familiar fixou o homem no campo. E que para sustentar isso precisa ter uma economia específica para o campo que trate sobre agroecologia, convivência com o semiárido, calendário voltado para as comemorações. “A educação das cidades é sulista e urbanista. Precisamos pensar nisso e formar nossos professores”.
O governo do Estado também foi duramente criticado. A professora Rosana Mara denunciou o fechamento de 800 escolas no interior do Estado e a implantação do Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (Emitec). Moisés Borges, do MAB, endossou as palavras da professora e disse que as questões estruturais impedem o acesso à educação. “Se não tem energia, não tem aula. Se não tem monitor, não tem aula. Quando a fita enrola, não tem aula. E quando tem aula é em formato de ‘Telecurso 2000’. Quem vai aprender desta forma?”, indagou Moisés. Os trabalhadores sem-terra criticaram a falta de escola nos assentamentos e cobram as 10 escolas prometidas pelo governador ao movimento.
A coordenadora de educação no campo da Secretaria de Educação do Estado, Poliana Nascimento, diz que a estrutura do Estado é rígida e sente dificuldades em quebrar a forma de pensamento das especificidades que a educação do campo exige. A gestora se comprometeu em mudar essa realidade e pediu o auxílio dos movimentos para que “os novos caminhos sejam construídos com muitas mãos”.
O líder do governo na ALBA, deputado Zé Neto (PT), se colocou à disposição dos movimentos sociais para intermediar com o governo as experiências que já foram feitas aqui na Bahia e que sofrem dificuldades.