Moradores levam mais de 70 corpos à Penha após operação no Rio

Moradores relatam tiros na cabeça e facadas; governo e União trocam acusações após operação mais letal da história do estado.

Operação no Rio de Janeiro deixa 20 mortos e 56 presos nesta terça (28)
Operação no Rio de Janeiro deixa dezenas mortos e presos nesta terça (28) - Rede Globo

Chacina no Rio de Janeiro é o termo mais buscado nas últimas horas, após moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, levarem ao menos 70 corpos para a Praça São Lucas, durante a madrugada desta quarta-feira (29/10). De acordo com o governo do estado, oficialmente 64 pessoas morreram e 81 foram presas na operação. Entre os mortos, há quatro policiais — dois civis e dois militares. Com isso, a mídia nacional já apontava mais de 130 pessoas encontradas mortas após a operação de ontem.

A ação, batizada de Operação Contenção, mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares e foi deflagrada para conter o avanço do Comando Vermelho (CV), facção que domina parte das comunidades da Penha e do Alemão.

Corpos com marcas de execução e tensão crescente

Testemunhas afirmam que vários corpos apresentam tiros na cabeça e na nuca, além de perfurações por faca. Alguns dos mortos usavam roupas camufladas semelhantes às utilizadas por integrantes do CV.

Moradores relataram que os cadáveres foram achados em uma área de mata que liga os complexos da Penha e do Alemão, onde houve os confrontos mais intensos.

Ainda de madrugada, seis corpos foram transportados em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas o veículo deixou o local rapidamente sem fazer entrega formal às autoridades.

Na Praça São Lucas, familiares e amigos permaneceram ao lado dos corpos tentando identificar parentes desaparecidos. “Não sabemos quem está vivo e quem morreu”, disse uma moradora à imprensa.

Drones, explosivos e poder de fogo sem precedentes

Pela primeira vez em uma operação desse porte no Rio, criminosos usaram drones adaptados para lançar explosivos contra equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

Segundo investigadores, os aparelhos foram usados para monitorar o deslocamento dos policiais em tempo real e atacar pontos estratégicos, desorganizando o cerco do Estado.

O balanço da Polícia Civil aponta a apreensão de mais de 90 armas, incluindo fuzis de guerra, além de 200 quilos de drogas e rádios comunicadores.

Disputa política entre o governo do Rio e a União

Após a chacina, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o estado “está sozinho” no combate ao crime organizado e disse que pedidos de blindados ao Exército foram negados.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública contestou a declaração e informou que todos os pedidos oficiais foram atendidos, além de confirmar operações federais em andamento no território fluminense.

O governo estadual reforçou o policiamento em toda a capital e deslocou agentes administrativos da PMERJ para ações externas, elevando o efetivo nas ruas em mais de 40%.

“Japinha do CV” entre os termos mais buscados

Nas redes e nas buscas do Google, um dos nomes mais citados é o de “Japinha do CV”, suposta integrante do Comando Vermelho. Ainda não há confirmação oficial se a mulher, apontada como de confiança de uma das células da facção, está entre os mortos ou foragidos.

O nome viralizou nas redes sociais e está entre as expressões mais procuradas do Brasil nesta quarta-feira.

Clima de medo e indignação

Durante a manhã, mães, pais e esposas permaneceram na praça ao lado dos corpos, enquanto outros moradores procuravam desaparecidos.

A ausência de informações oficiais sobre as vítimas aumentou a revolta. “A gente só quer saber quem são eles”, disse uma mulher, chorando.

A Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) pediram garantias de preservação das cenas de crime e o acompanhamento de peritos independentes.

Resumo da Operação Contenção

  • 70 corpos levados por moradores à Praça São Lucas
  • 64 mortos confirmados oficialmente até o momento
  • 81 presos
  • 90 armas apreendidas, entre elas fuzis de guerra
  • 200 kg de drogas recolhidos
  • 2,5 mil agentes mobilizados

Quantos mortos no Rio?

Segundo o balanço mais recente da Secretaria de Segurança Pública do Rio, o número de mortos ainda pode aumentar, pois há corpos em áreas de mata aguardando remoção.

Contudo, a mídia nacional apontava mais de 130 mortos por volta das 11h.

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