Géssica Brandino e Gustavo Uribe | Folhapress | São Paulo (SP) | Brasília (DF)
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) negou que tenha alguma intenção de acabar com a Operação Lava Jato e defendeu a operação como uma “inflexão fundamental”. O pedetista disse que já fez 80 denúncias contra pessoas envolvidas em casos de corrupção, citando o presidente Michel Temer.
Em entrevista a Reinaldo Azevedo, na Rádio Band News nesta sexta-feira (27), o candidato foi questionado sobre a declaração dada em entrevista no Maranhão, no dia 16.
“Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, afirmou na ocasião.
Ciro disse que foi claro em sua declaração. “Só quis dizer o óbvio. Eu sinto que nós estamos num estado de anarquia”, disse.
Ciro usou como exemplo a sequência de decisões no dia 8 de julho em torno da soltura do petista como um exemplo que gera desesperança no brasileiro.
“Cinco decisões estapafúrdias num domingo. Quem assistiu isso não pode duvidar que estamos num estado de anarquia”, declarou.
Ele se declarou um “amante do estado democrático de direito”, disse que é a favor da soltura do ex-presidente Lula pela ausência de provas no processo, mas que não tem o poder de soltá-lo
“Eu não tenho a faculdade de soltar o Lula, mas tenho uma opinião de velho professor de direito. Eu acho que a sentença que o condenou é injusta. Na tradição do direito positivo brasileiro, não se condena penalmente por conjunto indiciário, só a prova. É o primeiro julgamento que elabora sobre a tradição anglo-saxã”, disse.
Apesar disso, o candidato disse que discorda da estratégia do partido de manter a candidatura do petista apesar da condenação por turma colegiada em segunda instância, hipótese de ilegibilidade prevista pela lei da ficha limpa.
“Estou dizendo que o PT está fazendo uma estratégia que leva o país a dançar na beira do abismo”, afirmou.
Ciro declarou que, se o senso comum estiver correto e Lula for inelegível, “o que está em rumo é uma fraude na liderança do comando do país”. O pedetista disse que o país “não aguenta mais um presidente por procuração”.
Criticado pelo estilo verborrágico, ele disse que as pessoas querem fazer dele algo que ele não é e se descreveu como uma “seda”, um “doce de coco”. Ele disse que, durante a campanha presidencial, pretende ser “sincero” e “honrado”.
“O próximo presidente vai se desmoralizar em seis meses se deixar o povo acreditar que está na mão de qualquer um de nós candidatos ou candidatas resolver o problema sem dor. Não vai dar”, disse.
Em uma crítica ao adversário Jair Bolsonaro, do PSL, ele afirmou que não se resolve os problemas do país com “frases feitas”.
“Ele sente todo o povo com a corrupção na política e o sofrimento com a insegurança e vai com duas ou três frases e resolve tudo. Só que eu já fui prefeito, governador e ministro e sei que o céu não é perto”, disse.
Na entrevista, ele defendeu a redução das renúncias fiscais para setores econômicos e uma reforma tributária que cobre impostos sobre lucros e dividendos e grandes heranças.
“Com uma alíquota moderada, é possível arrecadar entre R$ 40 e R$ 50 bilhões com imposto sobre lucros e dividendos”, disse.