A desigualdade no mercado de trabalho tem reflexos também sobre as condições de moradia. Enquanto 27,9% das pessoas brancas vivem em domicílios sem ao menos um serviço de saneamento – coleta de esgoto e de lixo e fornecimento de água -, a proporção sobe para 44,5% entre pretos e pardos.
Claudio Crespo, pesquisador do IBGE, alertou que o dado impacta ainda as condições de saúde. “Quando a gente analisa demais características e correlaciona com os rendimentos da população preta ou parda menor do que da população branca, isso reflete as condições de moradia, de vida, de saúde com maior vulnerabilidade as quais a população preta ou parda está submetida”.
Ao analisar a população das duas maiores cidades do país – São Paulo e Rio de Janeiro, pesquisadores revelaram que na capital paulista 18,7% das pessoas pretas ou pardas e 7,3% das brancas vivem em aglomerados subnormais. No Rio de Janeiro, essa proporção sobe para 30,5% dos negros e 14,3% dos brancos. De acordo com Crespo, a desigualdade tem relação com a forma como os espaços das cidades foram ocupados.
“O modelo de urbanização brasileiro tem raízes históricas, questões relacionadas à posse da terra, e é reflexo também do processo mais recente de urbanização. As cidades do Rio e de São Paulo são expressões dessa desigualdade”, disse o pesquisador.
No indicador de adensamento domiciliar excessivo, quando mais de três pessoas dividem um mesmo dormitório, a proporção é de 7% dos pretos ou pardos e 3,6% dos brancos.
Os dados ainda mostram que em relação ao acesso a internet por pessoas entre de 15 a 29 anos, 92,5% são brancos e 84,3% negros. A proporção sobre o uso do microcomputador para acessar a rede mundial, é de 61,6% entre brancos e 39,6% entre pretos e pardos.