O Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, continua a registrar taxas alarmantes de desmatamento. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma atingiu um recorde de 7.015 alertas de desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024, representando um aumento de 9% em relação ao período anterior, que teve 6.341 km² desmatados. Desde o início da série histórica do Inpe para o Cerrado em 2017, os números são os mais altos já registrados.
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Especialistas apontam que o aumento do desmatamento no Cerrado é causado por uma combinação de fatores. Bianca Nakamato, especialista de Conservação do WWF-Brasil, explica que a expansão agrícola é uma das principais causas. “O Cerrado é atualmente a principal fronteira agrícola para a produção de commodities. O avanço do cultivo de soja, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), está diretamente relacionado ao aumento do desmatamento”, afirma Nakamato.
Além disso, a falta de reconhecimento das terras de povos tradicionais, com apenas 8% do bioma protegido, agrava a situação. Áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) lideram os alertas de desmatamento, indicando que até mesmo proprietários registrados estão desmatando.
O avanço descontrolado da agricultura no Cerrado traz consigo várias ameaças, incluindo a perda de biodiversidade e violações de direitos humanos. Com a chegada da estação seca, a propensão a incêndios também aumenta significativamente. Nakamato destaca que “mais da metade das queimadas em julho ocorreram na fronteira agrícola, particularmente no Maranhão e em Tocantins.”
Apesar dos números alarmantes, o governo federal ainda não concluiu seu plano de ação específico para o bioma (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado), ao contrário da Amazônia.
O acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal foi de 4.314,76 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024 (o equivalente ao tamanho de Cuiabá), de acordo com números oficiais do governo federal divulgados nesta quarta-feira (7).
com g1.