Os alertas de desmatamento no Cerrado , o segundo maior bioma brasileiro, apontam uma redução da devastação até agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apesar da queda do desmatamento em todo o Matopiba, os alertas do Deter mostram aumentos expressivos da devastação neste ano em Formosa do Rio Preto (BA) e Luís Eduardo Magalhães (BA), cidades que se constituem como os principais polos da fronteira agrícola em curso.
Entre maio e agosto deste ano, os alertas mostram um desmate de 100 km² em Formosa do Rio Preto, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.
Em Luís Eduardo Magalhães, foram 31,9 km², quase o triplo do que ocorreu nos mesmos meses de 2018.
Desmatar sem ocupar
Um fenômeno, no entanto, vem chamando a atenção de pesquisadores que acompanham os mapas de satélite das áreas de fronteira agrícola: a derrubada da vegetação para não colocar absolutamente nada no lugar.
Muitas das áreas abertas permanecem sem qualquer uso. É o que ocorreu em Sebastião Leal (PI), conforme constataram os pesquisadores do Lapig. Na região, eles acompanharam uma área desmatada de 127 km².
Isto vem ocorrendo principalmente na região chamada Matopiba , uma área de Cerrado mais preservada no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e que vem se transformando em uma nova fronteira agrícola para a expansão do cultivo de soja.
A prática de desmatar “para nada” foi detectada por uma pesquisa em curso no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Imagens de satélite de 2015, 2016 e 2018 mostram que a área permaneceu sem uso consolidado durante todos esses anos.
Os alertas do Deter mostram uma queda expressiva do desmatamento do Cerrado em todo o Matopiba: de 3.476 km² entre maio e agosto de 2018 para 1.452 km² entre maio e agosto deste ano.
O agronegócio já foi considerado um dos principais responsáveis pelo desmatamento, mas a pressão de grandes empresas, que buscam diferentes certificações ambientais para seus produtos, levou a uma mudança de postura.
— A ideia de que o desmatamento não é vantajoso ao setor agropecuário já começa a se consolidar nas discussões que envolvem ONGs, produtores, traders, governo e varejistas — afirma o pesquisador no Lapig da UFG. —Discute-se muito como fazer a agricultura avançar sobre áreas de pastagem, por exemplo.
Os dados consolidados do Prodes, que traz o desmatamento oficial em um ano, apontam uma estabilização da devastação do Cerrado nos últimos três anos e uma redução expressiva a partir de 2006.
Uma outra explicação para essa redução é o já elevadíssimo índice de perda de cobertura vegetal do Cerrado. Mais da metade do bioma já foi devastada, o que diminui, por razões lógicas, a quantidade de áreas com possibilidade de serem desmatadas.
com informações de O Globo