Enquanto os produtores de soja estocam os grãos a espera de melhores preços e definições do mercado chinês, maior comprador das commodities do Brasil, antes mesmo do algodão florescer no campo, a maior parte da safra já está vendida.
“Já estamos com 65% da safra comercializada a bons níveis de preços. Isso é bom para os agricultores, para a região e também para a geração de emprego”, afirma o presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Busato.
De olho neste mercado ascendente, este ano, os produtores da Bahia destinaram 70 mil hectares a mais para o cultivo do algodão, um incremento de 26,5% na área cultivada frente a 2018, alcançando um total de 332 mil hectares plantados. A safra deve ser 1,2% maior do que a anterior, segundo as projeções do IBGE.
É o terceiro ano seguido de crescimento da cotonicultura na parte baiana do Matopiba, a fronteira agrícola que une parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. De acordo com a Abapa, 100% das lavouras já foram semeadas, e existe a expectativa de uma nova safra recorde. A produção pode alcançar mais de 1,5 milhão de toneladas de caroço e pluma.
Um conjunto de fatores tem favorecido o cultivo do algodão, dos preços praticados no mercado internacional à regularização das chuvas em fevereiro.
“As chuvas estão contribuindo e os preços pagos pela commodity no mercado estão garantindo melhor rentabilidade ao produtor. Além disso, o mercado mundial está consumindo mais algodão do que produz. Por isso a nossa perspectiva é aumentar ainda mais a área cultivada no ano que vem, e ultrapassar os 400 mil hectares”, adianta Busato.
A colheita do algodão deve começar em junho. A Bahia é o segundo maior produtor do Brasil, responde por quase 24% do mercado. Só no ano passado, a comercialização da fibra gerou mais de 50 milhões de dólares em exportações, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O algodão já representa 4,2% das exportações baianas.