Em meio a uma maré de informações, conscientização e mobilização, o mês de fevereiro surge com uma tonalidade especial: o roxo. Este é o período dedicado à reflexão e ação no combate ao Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que impacta milhões de pessoas em todo o mundo. Sob o mote da campanha, a sociedade se une para enfrentar os desafios impostos por essa condição.
De acordo com publicações da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), a doença é uma condição complexa, progressiva e multifacetada, que afeta principalmente a memória, o pensamento e o comportamento. A manifestação e a progressão da doença variam de pessoa para pessoa. À medida que a doença avança, as pessoas afetadas podem encontrar dificuldades cada vez maiores em realizar tarefas simples do dia a dia, além de enfrentarem desafios emocionais e físicos significativos.
Para o Dr. Tiago Ferolla, geriatra do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, em Uberlândia, a prevenção emerge como um elemento-chave. “A prevenção está relacionada a bons hábitos de vida, como atividade física e dieta saudável, cuidados adequados com as doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemias e hipertensão, além de evitar o tabagismo e o alcoolismo. É importante manter o idoso com boa socialização, portanto, conviver com família e amigos é sempre benéfico”, enfatiza o médico.
A pesquisa atual ecoa essa abordagem preventiva, destacando a importância de mudanças no estilo de vida. Aprimorar a atividade física, adotar uma dieta à base de vegetais, abordar problemas de sono, reduzir o estresse, fortalecer as conexões sociais e participar de treinamento cognitivo estão revelando resultados otimistas para aqueles nos estágios iniciais da doença. Recentemente, dois estudos nos EUA destacaram que essas intervenções no estilo de vida, combinadas com medicamentos, vitaminas e suplementos, podem não apenas prevenir o declínio cognitivo, mas também melhorar a memória e as habilidades de pensamento.
Em meio a esses esforços, surgem avanços promissores. Recentemente, tratamentos demonstraram a capacidade de reduzir os níveis das placas amiloides, uma característica marcante do Alzheimer. Estudos indicam que esses medicamentos podem atenuar o declínio cognitivo em formas leves da doença, trazendo esperança para pacientes e familiares, mas as terapias ainda não estão disponíveis no Brasil. “Os que temos em uso atualmente visam o aumento da qualidade de vida, melhorando os distúrbios de comportamento e propiciando uma evolução da doença mais branda, em relação aos pacientes que não recebem tratamento”, explica Tiago.
Entretanto, a conscientização e o apoio continuam sendo pilares fundamentais. A família desempenha um papel vital na identificação precoce dos sintomas. “Déficit de memória, repetição de ações e alterações comportamentais são sinais iniciais que, se levados ao consultório de um especialista, podem fazer toda a diferença”, destaca o médico.
O diagnóstico precoce não só possibilita melhores resultados no tratamento, como também tranquilidade e compreensão. “O paciente bem tratado vai viver melhor”, ressalta o geriatra. A socialização emerge como uma peça-chave nesse contexto. Estimular atividades multidisciplinares e promover interações afetuosas são medidas cruciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Socializar é muito importante. Temos que tratar o paciente idoso com muita socialização, carinho e amor”, orienta Tiago.