Quem conhece Formosa do Rio Preto para além do centro da cidade, sabe que muitas comunidades de sua zona rural, tem o povo negro como maioria na sua formação, basta olhar comunidades de Canabrava, Aldeia do Gerais, Buritizinho, Couro, Mato Grosso, Tábuas, São Marcelo e tantas outras. São comunidades que carecem de um olhar do legislador formosense, que ao longo de 59 anos de emancipação política jamais implementou políticas públicas voltadas para o povo negro. Ou por falta de sensibilidade política ou mesmo por não alongar o olhar.
No Brasil foram quase 400 anos de escravidão e quando da sua “libertação” em 1888 vão somente 132 anos. Pouco tempo , quando se fala em reparação. Basta observar que os modos de produção ainda se assemelham como os dos antepassados, apesar do município ser campeão em produção agrícola mecanizada. É preciso transferir tecnologia e conhecimento.
Pequenos produtores como os da comunidade quilombola Buritizinho, que teve seu reconhecimento pelo Governo Federal em novembro de 2018, não tem sequer correção de solo para plantio ou abertura de novas áreas para produção agrícola e as condições de moradia não condiz com a riqueza do município.
Já Aldeia do Gerais que fica a mais de 150 km de distância da sede do município, cerca de 47 famílias moram em casas cobertas por palhas e sua construção de “enchimento” contrasta com a riqueza do conglomerado de fazendas do Condomínio Estrondo e do outro lado a pujante vila Panambi. Ali, como no Buritizinho todas as residências não tem banheiro.
É bem verdade que Projetos de Lei que gere despesas para o município é prerrogativa do Poder Executivo, mas a Câmara pode se propor o debate e fazer a sugestão.
Tem que se elaborar um projeto consistente de imediato e de longo prazo, com vontade política para que a vida do homem do campo dê certo no campo. É de lá que deve sair o seu sustento. Sustento aqui pode encarar como riqueza.
É necessário modernizar os meios de produção dessas comunidades, fazendo com que elas se auto sustentem financeiramente para que a qualidade de vida das pessoas melhorem.
Já no centro da cidade, observa que o negro não é o gerente, não é o administrador. Os professores negros são minoria e nas agências bancárias não se observa um negro trabalhando nos cargos de chefia, a não ser nos de segurança, da limpeza que detém os menores salários.
Alguém precisar fazer alguma coisa para que haja equilíbrio nessa cidade tão milionária e a Câmara de Vereadores, que é o local de debate, tem a obrigação de olhar para as necessidades do município. Não precisa dizer aqui a necessidade de renovação do pensamento do legislador formosense e também do eleitor.
A juventude negra olha para o futuro sem perspectiva mas com a expectativa de dias melhores. É necessário pensar, criando possibilidades para o imediato pensando no futuro dessa geração.
É preciso investir maciçamente nos cursos técnicos para qualificação da mão de obra. Não adianta falar na “geração de emprego e renda” sem pensar na qualificação. Sem a qualificação continuaremos no mesmo lugar. Alguém precisa demandar o Governo do Estado, o Governo Federal, as universidades.
O vereador não pode achar que uma reunião semanal seja suficiente. É preciso pensar a cidade, trabalhar com a vontade de provocar a transformação na vida das pessoas. Da vontade politica e da política pensada é que se coloca o pão na mesa do trabalhador, inclui famílias em vulnerabilidades ao meio social, faz a inserção no mercado de trabalho e provoca grande empresas a se instalarem em Formosa do Rio Preto.
Na próxima eleição pensa em quem pode provocar a transformação na vida das pessoas. A impressão que se tem é que a vida tem melhorado para o vereador mas nunca para o eleitor.
Excelente lembrança nós negros carregamos uma herança de senzalas que dói na alma e nos excluem até hoje. Seria muito interessante o legislativo debater essa causa. Que não é só dos negros, mas de toda a sociedade.