Ainda que as tradições da velha e querida Formosa do Rio Preto de outrora estejam se esvaindo, algumas pessoas agarradas em sua fé, especialmente as católicas e mais idosas, continuam mantendo o hábito de celebrar Nossa Senhora das Candeias no dia 2 de fevereiro. Nos velhos tempos, quando a vela não era do cotidiano, os formosenses fabricavam o chamado “pavio”. Um antepassado da vela, fabricado com o algodão fiado e embebecido em cera de abelha derretida e acesa sempre no dia dois de fevereiro.
Era comum quando a escuridão da noite tomava conta das velhas ruas de barro da cidade, o acendimento dos pavios, esta pequena peça de iluminação, pregados nas portas e janelas das casas, uma referência clara a candeia, ou que ilumina.
O dia é mais conhecido pelas celebrações do povo de santo em reverência a Yemanjá, em especial na capital, onde milhares de pessoas se juntam na famosa praia localizada no boêmio bairro do Rio Vermelho para oferendas a rainha do mar. Em Formosa do Rio Preto, um terreiro localizado no pobre bairro Peba, que ironicamente teve nome mudado para Progresso na tentativa do poder público de esconder suas mazelas, faz celebrações anuais neste dia. Os seguidores da religião de matriz africana, saem do bairro e percorrem em procissão cerca de 5 km até as margens do Rio Preto, onde é feita uma oferenda, além entoar cantos e realizarem danças, típica das celebrações do Povo de Santo.
Voltando ao passado, em outros tempos em que à época em que padres passavam de quando em vez pela cidade, era comum as celebrações em comunidades da sede e da zona rural de vários santos pela comunidade católica, chamada de reza. O ponto alto dessas celebrações era o canto de louvor ao santo, chamado de bendito. Ainda que as tradições da reza também estejam sendo deixadas de lado, diversas pessoas mantém a chama da tradição acesa, buscando em Nossa Senhora das Candeias, uma uma visão de mundo melhor. Este sítio de notícias busca pessoas em Formosa do Rio Preto para um registro dos vários benditos. Enquanto essa oportunidade não vem, segue abaixo um registro de Cego Oliveira gravado em 1999.
Invocação e expansão do culto
Nossa Senhora da Candelária, da Luz ou das Candeias, era por tradição, invocada pelos cegos, fato que foi afirmado pelo Padre António Vieira ao assim dizer: “Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora das Candeias […]”. Além disso, Nossa Senhora das Candeias se tornou bastante cultuada pelos portugueses desde o século XV.
De acordo com a tradição, essa devoção se deve a Pedro Martins, que era um fervoroso devoto de Nossa Senhora. Ele encontrou no sítio de Carnide, que fica em Lisboa, uma imagem de Maria sendo iluminada por uma estranha luz. Construiu-se no sítio, então, um convento e uma igreja dedicados à Virgem das Candeias.
Com isso, a devoção a Nossa Senhora das Candeias aumentou ainda mais, já que foi difundida pelos portugueses nas regiões colonizadas, principalmente no Brasil. A Virgem da Candelária é padroeira da cidade de Curitiba.
História de Nossa Senhora da Luz
A data celebra-se a 2 de fevereiro, no dia da Apresentação do Senhor ao Templo, quarenta dias após o seu nascimento.
Este foi também o dia de purificação de Nossa Senhora. Segundo a lei de Moisés, após darem à luz, as mulheres ficavam impuras, devendo visitar o templo de Jerusalém somente quarenta dias após o parto. Nesse dia se deviam apresentar perante o sacerdote e realizar um sacrifício para se purificarem.
Abaixo um registro de 2015 na Rua Professora Rosita Teixeira em Formosa do Rio Preto.