A Bahia perdeu neste sábado (7) um de seus maiores expoentes da poesia brasileira. Gramiro de Matos, poeta renomado e autor de obras como “Urubu Rei” e “Os morcegos estão comendo os mamões maduros”, faleceu aos 80 anos. Segundo a família, ele teve morte natural após enfrentar dificuldades respiratórias. As informações são do g1
Gramiro, cujo nome de batismo era Ramiro Silva Matos Neto, nasceu em 22 de março de 1944. Ele desenvolveu o nome artístico em homenagem ao poeta barroco Gregório de Matos, reafirmando sua conexão com as raízes culturais baianas. Amigo de figuras icônicas como Jorge Amado, Torquato Neto e Waly Salomão, Gramiro marcou uma contracultura brasileira com sua criatividade e irreverência.
Gramiro de Matos
Durante a década de 1980, Gramiro expandiu sua carreira internacionalmente, investigando as relações entre a literatura brasileira e as literaturas de países africanos de língua portuguesa. O trabalho resultou na publicação da tese “Influências da literatura brasileira nas literaturas africanas de língua portuguesa” em 1996.
Mesmo após décadas de contribuição à poesia, Gramiro surpreendeu ao lançar, em 2016, o romance-experimental “A conspiração dos búzios”. O manuscrito, escrito em 1976, reflete sua visão crítica e vanguardista da sociedade.
Além da literatura, Gramiro tinha outra paixão: a numismática. Ele se dedica ao estudo de moedas, publicando artigos sobre a história e a cultura por trás desses objetos.
O velório será realizado neste domingo (8), no Cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília, Salvador. A cerimônia terá início às 7h, e o sepultamento está programado para as 10h.
Em nota, a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) lamentou a perda do poeta, destacando sua importância para a cultura e solidarizando-se com amigos e familiares.
Leia a nota da Secult-BA na íntegra abaixo:
“A Secretaria de Cultura da Bahia lamenta a morte de Gramiro de Matos neste sábado (7 de dezembro). O escritor tropicalista, natural de Iguaí, é autor do livro “A Conspiração dos Búzios”, publicado de forma artesanal em 1978. Apesar de assinar como Gramiro de Matos em homenagem ao poeta barroco Gregório de Matos, herdou o nome do avô Ramiro de Matos – um dos primeiros moradores do município natal -, o que também o conferiu o apelido de Ramirão.
O escritor baiano morou no Rio de Janeiro na década de 1970 e conviveu com grandes figuras da Cultura brasileira como Jorge Amado, Glauber Rocha, além de ser amigo de Waly Salomão e Torquato Neto, dois parceiros com quem integrou o movimento tropicalista.
Autor dos livros “Urubu-Rei” e “Os morcegos estão comendo os mamãos maduros”, elogiados pela crítica da época (década de 1970), Gramiro de Matos caiu no esquecimento na década seguinte, apesar de ter sido considerado por Jorge Amado como “a mais nova experiência da linguagem depois de Guimarães Rosa”.
A SecultBa se solidariza aos familiares e amigos de Gramiro de Matos”.