O Ministério da Saúde retirou do ar um levantamento de 2018 sobre a saúde população negra do Brasil, que ouviu mais de 52 mil pessoas e tinha 132 páginas. A pesquisa estava no ar desde julho do ano passado.
O estudo apontava, em comparação com os brancos, cenário desfavorável para os negros no consumo de frutas e hortaliças, além de outros itens, e era utilizado com indicador científico sobre a desigualdade social em relação aos brancos.
O levantamento, com 132 páginas, foi feito em 2018 e estava no ar desde julho do ano passado sob o guarda-chuva da Secretaria de Vigilância em Saúde, a mesma área técnica que sofreu uma intervenção branca do governo Bolsonaro na semana passada a fim de alterar o cálculo dos mortos e casos de Covid-19 no país.
A retirada do estudo foi antecedida pela extinção de um departamento da pasta criado nos anos 90 para avaliar e cumprir a política nacional de saúde direcionada a populações negra, do campo e da floresta, de gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e travestis, ciganos, população em situação de rua e outros. O fim do Departamento de Apoio à Gestão Participativa, transformado em coordenadoria, ocorreu ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
Servidores do órgão, que foram ouvidos pelo UOL, afirmaram que a ideia do governo seria espalhar o discurso, dentro do ministério, “de que não existem mais políticas identitárias, de que não há diferenças entre população negra e população branca”.