Mortes de negros correspondem a 90,77% do total na Bahia, revela Atlas da Violência

com informações do Bahia Notícias

Levantamento publicado pelo Atlas da Violência mostra que das 7.487 vidas ceifadas no ano de 2017, 6.798 eram de pessoas negras . Desses total 4.522 eram jovens. No entanto os dados são contestados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que afirma desconhecer a metodologia do Atlas, realizado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada – IPEA. De acordo com a SSP foram 6.321 mortes.

Para a hoje deputada federal Lídice da Mata, que integrou a CPI quando era senadora em 2016, o resultado da pesquisa é “profundamente lamentável”, já que a CPI indicou a necessidade de um Plano Nacional de Redução de Homicídios de Jovens.

“Demonstra que nós avançamos pouco na verdadeira política de combate à violência e à política de prevenção, de capturar a juventude para um projeto de vida”, critica a parlamentar.

Mas Lídice pontua que, para entender essa crescente, é preciso analisar o panorama das regiões no Brasil. O documento aponta para um decréscimo na maioria das regiões do país, exceto no Norte e no Nordeste, que caminham em direção contrária.

“Há uma relação direta do crescimento das mortes violentas nos estados do Nordeste e parece-me um deslocamento da disputa do tráfico de drogas que migra do Sudeste para essa região”, analisa a deputada.

De fato, o atlas considera a expansão das facções criminosas para outras áreas do país como um fator preponderante para o aumento do número de homicídios nesses locais.

Quanto ao fato de as maiores vítimas serem pessoas e jovens negros, a deputada ressalta que não se trata de mera “coincidência”, mas sim do racismo estrutural vigente na sociedade brasileira. Por isso, ela defende que é preciso combater o preconceito com “políticas de inclusão social, nas áreas mais empobrecidas”.

É esse o mesmo entendimento do movimento Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, através de uma de suas líderes. Aline Nzinga indica a existência da manutenção de uma política de atuação do governo. Segundo Aline, “a gente vive em um estado de terror”.

“Para gente isso é a repercussão de um sistema, e um governo que, já há muitas décadas, permanece na ideia que é a eliminação de um grupo, para proteção da área de outro grupo”, analisa a líder do movimento.

O entendimento do grupo é que existe um perfil do criminoso na Bahia, que tem entre 14 a 29 anos, com a maioria negra. Para a ong, todo o investimento da segurança pública é para abater um determinado perfil, com a ideia de “defender e acabar com a criminalidade”. “Mas se for comparar os investimentos da segurança pública com o número de mortos, a conta não bate. Então qual é o real interesse é de eliminação”, critica.

“Acho que isso é questão de princípio se existe alguma ideia de política de segurança pública preventiva não é efetivada no estado da Bahia. Se fosse assim não aumentava o número de homicídios”,

concluiu.

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