Não pode haver interferência política na área da saúde em tempos de pandemia

O mundo vive uma pandemia provocada pelo Sars-CoV-2 causador da COVID-19 e, por falta de controle na disseminação do vírus, diversas normativas foram alteradas em uma das várias tentativas das autoridades de saúde para conter o avanço do novo coronavírus. Para ser didático, novo, porque pouco se sabe do vírus que surgiu na China em novembro de 2019.

Das novas regras impostas, seguramente a mais dura e difícil seja a que estabelece procedimentos excepcionais para sepultamento de corpos durante a situação pandêmica em que o mundo vive. Nela fica claro a autorização das unidades notificadoras de óbito, o envio quase que imediato para o sepultamento.

Pois bem, na quinta-feira (6) evoluiu para óbito em Formosa do Rio Preto um idoso de 77 anos, inicialmente com suspeitas de ter sido infectado pelo vírus, devendo seguir o protocolo da portaria conjunta nº 2 do Ministério da Saúde e da Corregedoria Nacional de Justiça no Plano Estadual de Manejo de Óbitos Durante a Pandemia. Portador de comorbidades, como doença de chagas e também sofrendo com as consequências de um acidente vascular cerebral há cerca de 3 anos e meio, seu falecimento se deu no final da tarde de quinta-feira (7) e seu sepultamento deveria ter ocorrido momentos depois como manda o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, em casos de suspeitas da COVID-19, mas uma interferência de um legislador do município, que insistia em levar para a residência da vítima o corpo para ser velado fez com que o enterro acontecesse quase ao meio dia da quinta-feira (7).

Com a confirmação positiva para doença, comunicada neste sábado (8) pela Secretaria Municipal de Saúde local, imagina se o velório tivesse acontecido. É provável que abateria sobre os presentes uma infecção coletiva ; Uma quase catástrofe tomaria conta do povo formosense. Ainda mais quando sabemos das condições do centro de tratamento intensivo do Hospital do Oeste que tem 20 leitos de UTI onde inclusive uma formosense de 66 anos luta incansavelmente pela vida neste momento.

É fato que quem realmente compreende a dor são os que choram seus mortos. A filósofa americana Judith Butler, diz que as perdas só são percebidas quando sentimos que o que foi perdido fazia parte de nós mesmos.

Sabemos nós, que a situação é delicada quando 3.899 pessoas na Bahia já perderam a vida e milhares de baianos já passaram por essa situação atípica para sepultamento de seus mortos Brasil a fora que registrou até hoje mais de cem mil mortes e até então parece que não caiu a ficha do tamanho dessa tragédia.

Mas não se pode usar o poder que supostamente imagina ter, se dizendo um vereador polêmico em uma ligação para as autoridades municipais de saúde que beirou como ameaça. Por responsabilidade de suas funções, não foi dado ouvidos ao edil, que não pensou no coletivo.

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