Oeste baiano tem potencial para a produção de fertilizantes minerais

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia está trazendo diversas consequências por todo o mundo. Dentre elas, a dependência brasileira por fertilizantes é motivo de preocupação, principalmente para o agronegócio. Na Bahia, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), possui atualmente cinco projetos relacionados à pesquisa do fosfato – base de um dos principais fertilizantes de origem mineral  – e são ações como essa que podem ajudar a amenizar o grande volume de importações. 

Hoje, tanto a produção de rocha fosfática como a produção de fosfato são lideradas pela China, e o Brasil, importante consumidor, ocupa apenas a sétima posição entre os produtores, com um volume produzido de cerca de 1,8 milhões de toneladas, tendo importado 3,4 milhões de toneladas em 2021, para suprir o consumo interno. Já em relação ao potássio, o país produziu apenas 210 mil toneladas em 2021, não ocupando posição de destaque entre os produtores, tendo que importar mais de 250 mil toneladas para suprir o mercado interno. A liderança mundial da produção de potássio no ano passado ficou com o Canadá, a Rússia, a Bielorússia e a China, que juntas, produziram cerca de 37 milhões de toneladas em 2021, o que representou 80% da produção mundial.

A CBPM, única empresa estatal brasileira de pesquisa mineral, possui, atualmente, cinco projetos relacionados à pesquisa fosfato, sendo que três já estão licitados e dois novos projetos estão em fase inicial de pesquisa. Em 2021, a empresa iniciou dois projetos que também tem o fosfato como substância de interesse: o Projeto Verificação e Alvos Geofísicos – Oeste da Bahia (Fase II), localizado no contexto dos municípios de Correntina, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, principal corredor agrícola do estado; e o Projeto Reavaliação das Potencialidades Minerais – Bacia de Irecê (Fase II), ambos em fase de identificação de alvos para evolução do programa de pesquisa mineral.

Para o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, o investimento em pesquisa é essencial para que o Brasil reduza a necessidade de importação de fertilizantes, produto que é essencial para o agronegócio e consequentemente para a economia do país. “Investimentos como os que estão sendo feitos pela CBPM são de grande importância para a ampliação da produção de fertilizantes. Essa dependência brasileira é inadmissível e insustentável e precisamos reverter essa situação investindo políticas públicas – de médio e longo prazo – eficientes, em pesquisa, em tecnologia e aproveitando de forma sustentável a nossa diversidade mineral”, pontuou.    

Na Bahia, a única empresa mineradora de fosfatos em operação é a Galvani Fertilizantes, que produziu pouco mais de 210 mil toneladas de rocha fosfática no município de Campo Alegre de Lourdes-BA, em 2021. Já no que se refere à produção de fertilizantes, a companhia produziu e comercializou 595 mil toneladas de fertilizantes, em 2021, a partir do Complexo Industrial de Produção de Fertilizantes, localizado no município baiano de Luís Eduardo Magalhães.  

Além da atuação em Campo Alegre de Lourdes, a empresa possui dois contratos com a CBPM, um de arrendamento no município de Irecê-BA, com capacidade para produzir cerca de 200 mil toneladas/ano de concentrado fosfático e um contrato de pesquisa complementar, mais recente, onde está previsto uma produção mínima de 80 mil toneladas/ano de concentrado fosfático no município de Caracol-PI.

No entanto, a produção brasileira está longe de suprir o mercado interno no que se refere aos produtos como por exemplo o nitrogênio, potássio e fosfato. Conforme dados do sistema Comex Stat, da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, sendo que, 23% dos adubos ou fertilizantes químicos importados em 2021 vieram da Rússia.

Situação que não é muito diferente em nosso estado, onde de acordo com a  Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), aproximadamente 65% dos fertilizantes utilizados no estado vêm do exterior. Em nota, o titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (SEAGRI), João Carlos Oliveira, disse que  “houve um erro na política federal de incentivo à produção nacional de adubos e fertilizantes. Ficamos na mão das importações e isso não é bom, está longe de ser estratégico. Agora, com a guerra, esse fato externo, teremos que fazer uma arrumação de rota para minimizar os impactos em nossa agropecuária”. Ele ressalta, que  por esse motivo, a SEAGRI montou um grupo de trabalho para buscar saídas rápidas para esse impasse. 

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