Uma professora de Filosofia do Colégio Estadual Thales de Azevedo em Salvador (BA) foi intimada pela polícia para prestar esclarecimentos sobre sua postura em sala de aula, sob a alegação de ensinar “conteúdos esquerdistas”. A intimação foi motivada por um boletim de ocorrência registrado por uma aluna e sua mãe na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente –Dercca.
De acordo com o Sindicatos dos Professores (APLB), o motivo do boletim de ocorrência seria pela professora discutir temas como questões de gênero, racismo, assédio, machismo e diversidade em sala de aula. Ainda de acordo com o sindicato, dois episódios marcam a perseguição aos professores da unidade escolar.
“No mês de agosto foi realizado um seminário online pela escola e após o evento um grupo de estudantes e seus responsáveis expediram uma nota atacando os professores e palestrantes. Em outra ocasião, durante uma aula remota da disciplina de Inglês, a mãe de uma estudante, a mesma que deu entrada na queixa contra a professora de Filosofia, invadiu o espaço da aula online para inquirir e exigir explicações sobre a temática, que segundo ela seria inadequada por se tratar de feminismo”, diz a nota divulgada pelo sindicato.
De acordo com a APLB, após receber a intimação na última terça-feira (16), a professora ficou muito abalada emocionalmente e teve que receber atendimento médico. A identidade dela não foi divulgada.
No início da tarde desta sexta-feira (19) a Secretaria Estadual da Educação soltou uma nota. Veja;
A Secretaria da Educação do Estado (SEC) informa que:
- Ao tomar conhecimento da intimação de uma professora do Colégio Estadual Thales de Azevedo, em Salvador, o secretário da Educação do Estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues, acompanhado pela assessoria jurídica da SEC, se reuniu com a servidora, o corpo docente e os gestores escolares na unidade escolar, na manhã desta sexta-feira (19).
- A SEC acionou imediatamente a Procuradoria Geral do Estado (PGE), que prestará toda a assistência jurídica à professora e a acompanhará na oitiva.
- Também foi disponibilizada a equipe de psicólogos da SEC para assistência à professora e à comunidade escolar.
- A SEC destaca que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) assegura o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, além de garantir o livre exercício
da docência. - Os conteúdos ministrados pela professora em sala de aula estão em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Referencial Curricular do Estado e são acompanhados pela Coordenação Pedagógica da escola.
- A SEC acompanha o caso e manifesta solidariedade à professora e ao corpo docente, bem como reafirma o compromisso com a livre docência, a pluralidade de ideias, o livre debate e a democracia.
Assessoria de Comunicação da SEC