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A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), deve divulgar no próximo dia 14 de julho um relatório que pode até desaconselhar o consumo do aspartame, um dos componentes mais utilizados em adoçantes artificiais e refrigerantes dietéticos (também chamados de zero). A decisão, segundo notícia divulgada em 30 de junho pela agência britânica Reuters, será fundamentada em mais de 1,3 mil estudos científicos que investigam o aspartame como possível agente causador do câncer e de outras doenças.
Caso isso seja confirmado, será uma mudança na orientação em vigor desde 1981, que considera “seguro” o consumo da substância dentro de um limite. O entendimento acompanha outra diretriz lançada em 15 de maio pela própria OMS, desaconselhando o uso de adoçantes sem açúcar para controlar o peso corporal ou reduzir o risco de doenças não transmissíveis. De acordo com a entidade, revisões de estudos sugerem que este consumo, a longo prazo, não contribui para a redução da gordura corporal e aumenta os riscos de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
A discussão sobre o assunto volta a estimular a discussão sobre a produção e o consumo dos alimentos ultraprocessados, que são fabricados a partir de compostos e substâncias produzidas artificialmente, como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos. De acordo com o professor Hugo Xavier, coordenador do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), tais compostos e substâncias têm a única função de conferir uma maior durabilidade aos alimentos, de modo que eles fiquem mais tempo nas prateleiras e nas dispensas. Dessa forma, elas acabam atrapalhando a absorção dos nutrientes essenciais ao funcionamento do corpo.
“Um exemplo disso é o cálcio, existente em alguns alimentos. Quando você consome um refrigerante com aspartame, ele impede a absorção do cálcio. Consequentemente, esse indivíduo fica com menos cálcio, o osso fica mais fraco e quebra com mais facilidade, o que chamamos de osteoporose. Isso é muito comum nos adolescentes e nas crianças, que caem com muita facilidade. A gente tem ainda a obesidade, muito comum por causa da caloria excessiva no consumo desses alimentos. E tem a piora da flora intestinal dessas pessoas”,
elenca o professor.
Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), e publicado em janeiro deste ano pela revista científica American Journal of Preventive Medicine, corrobora esse argumento, apontando os ultraprocessados como causadores de doenças e mortes relacionadas à má alimentação. Segundo a pesquisa, eles ocupam entre 13% e 21% do consumo total de energia da dieta em adultos, ao mesmo tempo em que contribuíram com cerca de 57 mil mortes prematuras entre 30 e 69 anos em 2019. E a redução desse consumo entre 10% a 50% teria o potencial de evitar entre 5.900 e 29.300 mortes. “A redução do consumo de alimentos ultraprocessados promoveria ganhos substanciais em saúde para a população e deveria ser uma prioridade da política alimentar para reduzir a mortalidade prematura”, conclui a pesquisa da USP.
Entre esses alimentos industrializados, conforme definição do Guia Alimentar da População Brasileira, estão vários tipos de biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral, pães e cereais açucarados, misturas para bolo, barras de cereal, sopas, macarrão e temperos ‘instantâneos’, molhos e salgadinhos “de pacote”, além de produtos congelados e prontos para aquecimento como pratos de massas, pizzas, hambúrgueres e extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo nuggets, salsichas e outros embutidos.
É nesta classificação que entram os refrigerantes, refrescos, bebidas energéticas, iogurtes e bebidas lácteas adoçados e aromatizados, que utilizam substâncias como o próprio aspartame. “Só pra se ter uma ideia, ele tem uma capacidade de adoçar esse produto 200 vezes mais que o próprio açúcar. Apesar de as pesquisas ainda não serem conclusivas sobre a relação entre o consumo de aspartame e o surgimento do câncer, mas a gente sabe que o consumo desses alimentos por um período prolongado pode sim tem um índice e uma relação direta ou indireta com o surgimento de várias doenças, como câncer, obesidade, hipertensão e diabetes”, afirma Hugo.
Ainda segundo o professor da Unit, o consumo desses alimentos ultraprocessados se dá em virtude da praticidade e da facilidade de compra e preparo, no dia a dia, sobretudo entre a população dos grandes centros urbanos.
Entre as alternativas mais recomendadas para melhorar a alimentação e os hábitos alimentares, está o consumo de alimentos in natura, originados de animais e vegetais, como ovos, verduras, legumes, frutas e folhas, ou dos minimamente processados, que não tiveram nenhuma adição na composição original, mas apenas mudanças no processo de envasamento, limpeza ou moagem, como arroz, feijão, frutas secas, sucos naturais e as carnes cortadas em açougues. “É melhor consumir uma carne vermelha do que a linguiça. A depender do preparo, ela é bem melhor e mais saudável, digamos assim, do que os embutidos e enlatados – e aqui entra a salsicha”, afirma Xavier.
Outra dica do nutricionista é fazer mudanças graduais nos hábitos, principalmente das crianças, para que elas se acostumem melhor com os alimentos mais saudáveis e prefiram menos os ultraprocessados. “Não é retirar abruptamente esses elementos: é diminuir eles e aumentar os alimentos mais naturais. Outra dica é colocar os alimentos naturais mais à vista da criança ou do adolescente, e mostrar a ele quais são os benefícios. Isso nós chamamos de educação alimentar e nutricional. Tudo parte dela. É necessário que os pais tenham essa consciência e comecem a trabalhar isso com as crianças o mais cedo possível”, concluiu.
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