O primeiro sinal foi a tosse. Depois, aumentaram os sintomas: cansaço, frio, febre. Não foi à toa que o comerciário Edson Chaves Filho, 55 anos, logo achou que se tratava de uma gripe. O problema é que ele não parava de tossir. Passaram-se algumas semanas e o incômodo continuava. Quando veio o diagnóstico, há aproximadamente dez meses, descobriu ter uma doença que sequer passara pela sua cabeça: tuberculose.
“Cheguei a pesar 49 quilos. É um quadro de enfraquecimento geral”, diz ele, revelando uma realidade comum para milhares de pessoas na Bahia. Em todo o estado, no ano passado, foram 4.750 casos de tuberculose. A maioria deles está em Salvador – 1.561 ocorrências, representando mais de 32% do total.
E o mais assustador: mesmo sendo uma doença que tem cura, cujo tratamento é gratuito na rede pública e que existe desde a Idade Média, a tuberculose ainda tem altos índices de mortalidade. No ano passado, foram 295 mortes na Bahia – ou seja, mais de 24 por mês no estado.
Praticamente uma em cada quatro dessas mortes foi registrada em Salvador. Este ano, já foram 21 óbitos no estado, sendo sete na capital baiana. O total de casos no estado era de 489 no último dia 8, sendo 155 em Salvador.
De fato, especialistas concordam: ainda se morre muito por tuberculose. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que ela é a doença infecciosa mais letal do mundo. No ano passado, a entidade chegou a pedir uma “mobilização sem precedentes de compromissos nacionais e internacionais”, ao divulgar o Relatório Mundial da Tuberculose.
A meta da OMS era de acabar com a doença até 2030, mas a organização acredita que os países ainda não estão fazendo o suficiente para erradicá-la. O Brasil, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), é um dos 22 países com carga mais alta da doença.
Só para dar uma ideia, países como os Estados Unidos e a Finlândia tinham, respectivamente, índices de 3,1 e 4,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2017. No outro extremo, a África do Sul e a Mongólia tiveram, no mesmo ano, 567 e 428 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente.