A Europa não pode ficar indiferente a respeito do que ocorre com Lula”

O membro do parlamento europeu Roberto Gualtieri visitou o ex-presidente petista, e criticou o processo de Moro

O eurodeputado Roberto Gualtieri, membro do Partido Democrático
Italiano, pisou em solo curitibano no final de julho para visitar o ex-presidente Lula com uma certeza: a de que há algo estranho no processo judicial que levou o petista a uma condenação de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá, no âmbito da Operação Lava Jato. “Eu li toda a sentença, e acho que aqui trata-se mais de um expediente para compensar a falta de provas do que uma qualificação genuína dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção”, afirma. “Pessoalmente eu não vejo nesse caso nada que indique um crime”. O político romano não é estranho a estes delitos: Gualtieri ocupa a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlemento Europeu responsável por, entre outras coisas, legislar sobre combate à lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção no bloco.

“Apontar as fraquezas de um caso judicial não é uma generalização ou um ataque à independência do Judiciário. Acho paradoxal que alguns juízes peçam apoio popular, como se fossem políticos”, dispara o italiano, ciente do forte clima de polarização que tomou conta do Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo ele, este discernimento é fundamental para proteger a reputação do Judiciário, combalida após uma série de decisões conflitantes – como que mandou soltar Lula revogada horas depois. “As maiores vitimas da politização da justiça são os juízes”, afirma Gualtieri. “Isso me preocupa. Um Poder Judiciário forte, independente e com boa reputação é parte essencial das nossas repúblicas modernas. Se opor a uma decisão judicial não fundamentada não é se opor à luta contra a corrupção.

Não foi a primeira vez que um membro do Parlamento Europeu se manifestou contra a prisão do petista. Integrantes das bancadas portuguesa e espanhola do Legislativo já haviam criticado a sentença do juiz Sérgio Moro. Mas Gualtieri foi o primeiro a visitar o ex-presidente no cárcere. Ele defende que o parlamento europeu “tome passos adicionais” com relação à situação do Brasil. Sem mencionar quais seriam estas medidas, o deputado afirma que irá levar as informações coletadas no Brasil para seus pares em Bruxelas, capital belga que sedia o parlamento. “A situação do Brasil não é só um caso de solidariedade política dos socialistas europeus com o PT, é uma questão mais ampla, que afeta a qualidade do desenvolvimento internacional. É preciso estar atento, Europa não pode ficar indiferente a respeito do que ocorre aqui com relação à qualidade do processo democrático e ao presidente Lula”, afirmou.

O mês de julho também foi marcado pela ampliação da repercussão política no exterior da prisão do ex-presidente à medida que se aproximam as eleições presidenciais – o petista, virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, foi confirmado como candidato pelo PT neste sábado e segue liderando a disputa. No mês passado, 28 parlamentares americanos, incluindo o ex-pré-candidato presidencial democrata Bernie Sanders, lançaram carta questionando a condenação. Políticos chilenos, incluindo a ex-presidenta Michelle Bachelet, esquerdista moderada, também se manifestaram, dizendo que a eleição sem Lula “poderia ter sérios questionamentos de legitimidade e aprofundaria ainda mais a crise política”.

Veja mais em:
http://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/01/politica/1533136287_535966.amp.html

Sobre Darlan Alves Lustosa 8338 Artigos
Darlan Alves Lustosa é natural de Formosa do Rio Preto, no extremo Oeste da Bahia, onde construiu uma sólida trajetória de envolvimento comunitário e defesa dos direitos locais. Com registro profissional 6978/BA e longa experiência como escritor e jornalista, Darlan é um entusiasta da política como ferramenta de transformação social. Ao longo de sua carreira, tem se dedicado a reportagens e artigos que buscam informar, educar e inspirar os leitores a participarem ativamente da vida cívica.Além de escrever para o Portal do Cerrado, Darlan também é sindicalizado e participa ativamente de iniciativas que promovem o desenvolvimento regional e o fortalecimento das causas populares. Sua atuação inclui a organização de eventos, como o Seminário de Combate ao Racismo Institucional e a Palestra do Defensor Público do Estado da Bahia, ambos realizados em Formosa do Rio Preto, com o objetivo de incentivar o diálogo e a justiça social.Darlan acredita que informar é um ato de responsabilidade social, e seu compromisso com a verdade e a precisão jornalística se reflete em cada publicação. Ele vê o Portal do Cerrado não apenas como um canal de notícias, mas como uma plataforma para fortalecer a voz do Oeste da Bahia e dos seus habitantes.
0 0 votos
Classificação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigas
O mais novo Mais Votados
Comentários em linha
Exibir todos os comentários