Arborização urbana pode ajudar cidades a enfrentar mudanças climáticas

Pesquisa da USP mostra que espécies resistentes à seca, como a Tipuana tipu, são estratégicas para o reflorestamento urbano e redução de temperaturas.

Arborização urbana com Tipuana tipu em área verde de São Paulo
Foto: Felagund/Wikimedia Commons

A arborização urbana é uma das principais estratégias para amenizar os efeitos das mudanças climáticas nas cidades. Com o aumento das temperaturas, ondas de calor e períodos de seca prolongada, especialistas reforçam a importância do reflorestamento urbano planejado, com espécies adaptadas ao estresse climático.

Um estudo do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP analisou a Tipuana tipu, árvore originária do norte da Argentina e sul da Bolívia, amplamente plantada em São Paulo desde a metade do século 20. Os pesquisadores constataram que a espécie mantém alto índice de fotossíntese mesmo em períodos de seca extrema, como em 2013 e 2014, quando houve racionamento de água.

Espécies resistentes garantem resiliência urbana

Segundo o biólogo Giuliano Locosselli, autor principal do estudo, a análise dos anéis de crescimento da Tipuana revelou que, em vez de reduzir, a árvore aumentou sua taxa de crescimento durante a seca. Isso indica alta tolerância e potencial para reforçar a resiliência urbana.

A pesquisa também detectou mudanças históricas, como a variação da poluição do ar após a retirada do chumbo da gasolina, em 1989, e alterações causadas pela mudança da direção dos ventos em 2006. Esses dados foram obtidos sem derrubar árvores, utilizando sondas que coletam pequenas amostras de tecido vegetal.

Planejamento é essencial para evitar riscos

Embora resistente e benéfica para a qualidade do ar e o conforto térmico, a Tipuana não é autorizada para plantio irrestrito em áreas públicas devido ao seu porte elevado, que pode interferir na rede elétrica. A legislação paulista, no entanto, permite seu uso em áreas tombadas, como o Parque da Independência.

Parcerias entre a USP e outros institutos desenvolveram ferramentas para prever o crescimento e o centro de gravidade das árvores, aumentando a segurança no plantio. Para Locosselli e Marcos Buckeridge, orientador do estudo, a chave para um futuro mais sustentável está em diversificar o plantio, priorizando espécies nativas e árvores resistentes à seca.

Baseado em artigo publicado na revista Urban Climate e no Jornal da USP.

Siga o canal no WhatsApp e leia mais em Portal do Cerrado

Sobre Darlan A. Lustosa 9655 Artigos
Darlan Alves Lustosa é natural de Formosa do Rio Preto, no Oeste da Bahia e tem como visão o desenvolvimento comunitário e defesa dos direitos da pessoa humana. Com registro profissional 6978/BA é um entusiasta da política como ferramenta de transformação social.
0 0 votos
Classificação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigas
O mais novo Mais Votados
Comentários em linha
Exibir todos os comentários