Certificação de comunidade quilombola dá visibilidade ao povo do Buritizinho

Desde sua certificação como comunidade quilombola em 2019, (veja aqui) o povo da localidade de Buritizinho e Barra do Brejo, ganhou visibilidade e benefícios começaram a ser levados para as duas comunidades, antes esquecida pelo poder público. Inclusive, foi uma das primeiras a receber a vacina contra a Covid-19, uma recomendação do Plano Nacional de Imunização – PNI.

A certificação foi uma sugestão da Superintendência da Secretaria Municipal de Ação Social, desenvolvida através da coordenadora do Cras, à época Roneide Saraiva, iniciada ainda em 2017.

A partir do reconhecimento, a comunidade já foi beneficiada com um poço artesiano no Brejo Seco em emenda do deputado João Carlos Bacelar; Horta comunitária, através de conversão de multas, projeto instituído pelo então Secretário de Meio Ambiente de Formosa do Rio Preto, Leanderson Barreto e reabilitação junto aos órgãos públicos da associação dos moradores, além de aumento de repasse para merenda escolar.

Para além dos benefícios, a comunidade ganhou visibilidade, e pode receber projetos especiais dos governos federal e estadual, voltados para comunidades remanescentes, bastando para isso que o poder municipal busque editais e projetos voltados para comunidades quilombolas.

Apresentação de moradores do Buritizinho após encerramento do seminário sobre racismo institucional em 2014 realizado no Ceterp com apoio Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia promovido pelo editor do Portal do Cerrado.

Há ainda muito o que ser feito, além de ações sociais pontuais. É necessário o criterioso trabalho da formação técnica para aumentar a área plantada pelo moradores, melhorias habitacionais e sanitárias e que as condições de acesso sejam melhoradas. A ampliação da qualidade de ensino, com a preservação cultural do povo através de registros, são necessárias para a superação da pobreza com ganhos financeiros capazes de elevar as condições da dignidade da vida local.

A juventude negra precisa recriar as expectativas de dias melhores, pela perspectiva do estudo superior e condições capazes de inserí-los no mercado de trabalho com ganhos financeiros capazes de proporcionar a mudança.

Por outro lado a comunidade seria beneficiada com a implantação de viveiro para vendas de plantas nativas do cerrado para reflorestamento, no entanto por questões internas da comunidade, o projeto não avançou e foi repassado para a Apae.

Ontem inclusive a comunidade recebeu uma caravana da Prefeitura Municipal de Formosa do Rio Preto em homenagem ao dia da consciência negra, celebrado nesta 20 de novembro, com palestras sobre saúde, serviço de beleza e distribuição de mudas frutíferas.

Foto: Divulgação Prefeitura de Formosa do Rio Preto

Formação da comunidade

O historiador de Corrente (PI), Edilson Nogueira, relatou que a provável formação da comunidade quilombola em Formosa do Rio Preto, teria sido após a chegada do português e capitão-mor José da Cunha Lustoza. Depois de se casar em São Paulo, mudou-se para a Fazenda Brejo do Mocambo no município de Parnaguá quando trouxe consigo quantidade expressiva de pessoas negras escravizadas.

Com o casamento de uma de suas filhas anos depois, esta mudou-se para a região mais ao Sul, onde teria denominado as terras como Mocambinho, hoje na divisa entre os estado do Piauí e Bahia, por ser uma fazenda menor do que a Fazenda Brejo do Mocambo.

Segundo os moradores da localidade José Raimundo Carvalho Nonato e Milton Nonato dos Santos contam que seus antepassados saíram em busca de refúgio, fugindo, obviamente das péssimas condições de escravidão e encontraram no lugar chamado hoje de Barra do Brejo, o local ideal para se estabelecerem, dando início a comunidade, mantendo ainda viva tradições dos antepassados.

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