Cirurgia minimamente invasiva reduz período de recuperação

De janeiro a março de 2023, mais de 215 mil cirurgias do sistema osteomuscular foram realizadas no Brasil, um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado, que registrou 194.141 operações. Os dados são do Boletim Econômico da ABIIS (Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde).

Um destes procedimentos é a artroplastia, que consiste na substituição da articulação por próteses, como implantes metálicos ou sintéticos. Doenças como osteoartrose, displasia de quadril, osteonecrose da cabeça femural, impacto femoroacetabular, lesões no labrum acetabular, artrite reumatoide e doenças neoplásicas podem ser motivo para o médico ortopedista indicar a artroplastia de quadril.

O cirurgião pode acessar a articulação do quadril de maneiras diferentes. Em uma abordagem cirúrgica mais convencional, o acesso é feito pela parte posterior do quadril. Uma das técnicas mais avançadas para a realização deste tipo de cirurgia ortopédica, contudo, é a Cirurgia Minimamente Invasiva Anterior (Anterior Minimally Invasive Surgery – ou AMIS, na sigla em inglês). A AMIS, como o próprio nome diz, utiliza o acesso anterior ao quadril, pela virilha. 

O médico ortopedista e especialista em cirurgia do quadril e joelho do Instituto de Mobilidade do Hospital Moriah Doutor Marco Aurélio S. Neves explica que outras formas de operação são comumente chamadas de minimamente invasivas, mas, na prática, isso não ocorre. “Condutas com posterior, lateral ou dupla incisão são apenas maneiras de incisão de redução de pele e ainda estão associados à mesma lesão do músculo e/ou tendão, assim como nas abordagens convencionais”.

De acordo com o médico, o objetivo principal da AMIS é minimizar o dano aos músculos, vasos sanguíneos e nervos ao redor da articulação – esta seria, segundo ele, portanto, a verdadeira cirurgia minimamente invasiva. “A abordagem anterior é a única técnica caracterizada pela preservação dos músculos e tendões encontrados durante a cirurgia na cápsula articular do quadril, proporcionando uma incisão reduzida na pele”, afirma Neves. 

A AMIS é um modo de substituição do quadril que segue um caminho intermuscular e internervoso para diminuir os danos nas estruturas periarticulares enquanto preserva o tecido e por isso diminui a incidência de complicações quando comparada às outras mais convencionais.

Vantagens da AMIS

Como o corte para fazer o procedimento é na frente do quadril, sem corte de nenhum músculo, esta é uma abordagem menos agressiva e, principalmente, menos dolorosa. “O fato desta modalidade não cortar nenhum músculo faz com que ela cause menos trauma cirúrgico do que outras, o que torna a recuperação rápida”, explica o Dr Marco Aurélio S. Neves. A incisão na pele é menor do que com a cirurgia convencional, assim a marca de cicatrização também é menor. 

Com uma redução da dor no pós-operatório, a reabilitação geralmente começa no dia da cirurgia ou no dia seguinte. Dependendo do quadro do paciente e autorização médica, em muitos casos é possível que o recém-operado possa se levantar e caminhar com auxílio de muletas.

Como consequência de uma rápida recuperação, a AMIS aumenta as possibilidades de alta dos pacientes. O tempo de internação hospitalar é significativamente reduzido, assim como o retorno às atividades diárias.

Quanto aos padrões clínicos do paciente, a técnica reduz a perda de sangue, já que objetiva a preservação de vasos e músculos. Transfusões são raras e os riscos de coágulos de sangue nas pernas, como na trombose venosa profunda são consideravelmente reduzidos.

O método também diminui o risco de deslocamento e a preservação dos músculos melhora significativamente a estabilidade do quadril. O risco de luxação é mínimo e a limitação de movimentos no pós-operatório, geralmente prescrita em outros procedimentos, não é necessária. Pelo mesmo motivo, também pode ser associada à uma redução na possibilidade de o paciente vir a mancar. 

“AMIS é a abordagem ideal para a cirurgia atraumática com uma recuperação rápida, mas nem todas as pessoas podem ser submetidas a esta técnica. A avaliação médica vai indicar a possibilidade ou não do procedimento”, ressalta Neves.

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