Não é surpresa que o município baiano de Formosa do Rio Preto, seja um dos maiores produtores de grãos do país. A produção, no entanto, está concentrada nas mãos de grandes produtores, vindo do Sul do Brasil, incentivados pelo governo no fim da década de 70 para desbravar áreas do cerrado. O maior município da Bahia, faz parte da nova fronteira agrícola conhecida como Matopiba, acrônimo dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Ainda assim, quadro décadas depois do desbravamento do Cerrado, pequenos agricultores de Formosa do Rio Preto, nunca saíram da produção para subsistência. Em parte pela falta de conhecimento no trato com a terra e implantação de tecnologia, normalmente muito cara para padrões dos agricultores locais.
Na contramão, todas as gestões municipais insistem em doar aos pequenos produtores locais somente duas horas de trator para aragem e nem sempre com correção do solo. Além disso, nenhum grande projeto foi implementado no município ao longo do tempo para contemplar a agricultura familiar e melhoria de vida do pequeno agricultor, que pena diariamente sob o sol e calor escaldante da Bahia, ainda com uso da enxada, foice e machado.
Mas na contrapartida, o agricultor Alberto Ferreira, presidente da Associação dos Moradores do Sucuriú, tem feito a diferença, após buscar conhecimento, transferência de tecnologia e a experiência da Aiba – Associação dos Produtores Irrigantes da Bahia, via editais do Fundesis, fundo específico para financiar projetos sociais nas áreas de saúde, educação, cultura, esporte, empreendedorismo e geração de emprego e renda em todo o Oeste baiano. (leia aqui)
Segundo Alberto, depois da chegada da Aiba na comunidade, a área onde antes era colhido cerca de 10 sacas de milho por hectare, agora colhe-se cerca de 125 sacas. A associação foi contemplada em um edital do Fundesis, depois de duas tentativas.
Na propriedade de Alberto de Davino, como é conhecido, ele planta, além do milho, mandioca, feijão, banana, outros grãos e árvores frutíferas. No dia em que recebeu a visita de prepostos da Aiba, Fundesis e parceiros como o Banco do Nordeste, foi preparado um lanche com produtos colhidos em suas terras, agora produtivas como nunca se tinha visto.
São 35 famílias associadas, mas nem todas conseguiram ainda colher os frutos, mas abriu para portas para outras, como a Associação de Pequenos Agricultores na localidade do Ouro, participasse da última seleção do edital do Fundesis. (leia aqui)
Ainda assim, a associação do Sucuriú, dissocia de outras entidades constituídas no passado, em um esforço para implantação de projetos comunitários. Sem um trabalho social de campo, que transforme o pensamento e a cultura de décadas, projetos, ainda que viáveis, não vingarão. O trabalho é tão árduo como capinar tarefas de terras, mas precisa ser iniciado quanto antes, para que pequenos agricultores do município tenham condições financeiras melhores e possam viver com mais dignidade.
Fica o exemplo para as futuras gestões municipais.