Foi assim. Ela pediu a minha soltura ao juiz. Foi aí que comecei a correr atrás. Fui atrás dos médicos. Aí peguei o prontuário, fui em Guarapari [município da Grande Vitória onde a filha de Luiz morou com a avó após a prisão dos pais], consegui pegar a ficha da minha filha. Por conta própria, tudo sozinho. Aí depois fui nessa médica [que havia diagnosticado a infecção], conversei com ela. Nossa, a médica falou tudinho na minha frente. Eu botei dentro do processo, e o promotor viu. Foi a médica que atendeu minha filha, minha esposa levava a nenê lá.

O promotor, o mesmo que mandou me prender, voltou atrás. Foi homem, foi justo. Ele não agiu politicamente, ele agiu rigorosamente dentro da justiça. Em 2015, ele deu o parecer dele me inocentando. Ele viu que estava tudo errado.

Consequências e sequelas

Rapaz, minhas filhas foram muito maltratadas. Toda minha família, né? Entrava num lugar, pessoal ficava olhando de rabo de olho. Minhas filhas sofreram muito, principalmente na escola. Teve uma que pensou até em desistir de estudar. Era muito sofrimento. Todos eles [ouviam coisas]. Ia falar o quê?

Eu perdi a infância da minha filha todinha. Minha filha aprendeu a ler sozinha. Minha filha é guerreira. Por tudo que passou. Hoje, está fazendo matemática sozinha. Tudo sozinha, sem ninguém estar ali para ajudar ela. Porque eu não poderia chegar perto dela. Minha esposa estava impedida de chegar perto dela também. É uma menina guerreira. Deus tem muito para prosperar na vida dela.

O que ele fez com minha filha. O que ele fez com uma criança de dois anos. O que ele fez, o médico… Isso é uma organização criminosa. Usaram uma criança de dois anos para ter favorecimento político.

Eu acredito na Justiça, tanto é que estou aqui. O estado julgou ele [Malta, que não se reelegeu pro Senado]. Eu senti na hora que saiu o resultado [da eleição]. Deus fez justiça. O povo fez justiça.

A gente teme. Qualquer pessoa teme. Mas eu sou uma pessoa tranquila, tenho muita fé em Deus. Acho que para fazer alguma coisa comigo, tem que pensar duas vezes. Caso aconteça alguma coisa comigo, milhões de brasileiros vão saber quem foi. E está na mão da justiça, a justiça vai saber quem foi. Comigo ou com alguém da minha família. O povo capixaba elegeu o Bolsonaro e não elegeu ele. Ele não era o braço-direito do Bolsonaro aqui? O povo capixaba está me vigiando.

Intercept entrou em contato com Magno Malta e com a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo solicitando um posicionamento sobre as acusações de Luiz tanto quanto ao senador quanto ao sistema penitenciário capixaba, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.