O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apontou na segunda-feira (7) que o município de Formosa do Rio Preto, Bahia, conta com 285 descendentes indígenas, conforme dados do Censo 2022. Para os moradores do município pode ser uma surpresa, mas região era habitada pelos povos originários. Tanto é que em 2018, o agricultor Jackson Otávio Oliveira Lacerda, encontrou um artefato indígena, quando iniciava a construção de sua residência no bairro Santo Expedido. (leia aqui sobre a urna funerária)
A urna funerária, com restos mortais, foi recolhida por este editor em 2020. Em seguida, comunicando ao Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Bahia, sobre o achado histórico. Em 2023, após o período pandêmico, o Iphan recolheu o artefato com cerca com cerca de 1,20 de altura.
Na época, o Técnico em Arqueologia do Iphan, Alexandre Colpas, informou que o “artefato era utilizado para guardar os corpos dos indígenas antes de serem enterrados.” De acordo com o técnico, a urna funerária pertencia aos povos indígenas “Aratus”, já extintos.
Assim como a comunidade quilombola, os descendentes indígenas contribuem para a formação da diversidade do povo formosense, altamente miscigenado.
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Descendentes em Formosa do Rio Preto
Quem explica o crescente número de descendentes indígenas em Formosa do Rio Preto, é a Coordenadora de Área do IBGE no município, a santarritense Shirlene Teixeira Lopes:
“Em todo o Brasil, houve um crescimento de quase 90% na população indígena registrada, e uma explicação para esse fato foi a mudança na metodologia do IBGE que, além de encontrar mais terras indígenas em 2022, quando comparado ao Censo de 2010, a pesquisa passou a fazer uma pergunta a mais para pessoas entrevistadas em certas localidades, como Formosa do Rio Preto. A pergunta “você se considera indígena?” foi feita para todos os moradores do município, devido aos fatores históricos como a ascendência indígena presente na região, diferente do que aconteceu com municípios vizinhos em que essa pergunta foi aberta em apenas algumas localidades. Assim, as pessoas que responderam que se consideram indígenas, estão espalhadas no município, tanto em áreas urbanas, como nas rurais.”
Entenda a metodologia IBGE*
O IBGE mudou a metodologia de recenseamento de indígenas entre os censos de 2010 e 2022, o que possibilitou um alcance maior de pessoas pertencentes aos povos originários em todo o Brasil, gerando uma alta brusca nos números absolutos, em várias localidades brasileiras, incluindo a Bahia.
Em 2010, por exemplo, o estado baiano havia contabilizado 60.120 indígenas, um volume 281% menor do que o do Censo 2022. Assim, não é possível comparar os dados de 2022 com 2010, para estabelecer parâmetros de crescimento demográfico destes habitantes, porque o aumento expressivo é um reflexo da mudança do escopo da pesquisa, comprometendo a contagem de novos indígenas.
Explicando:
Em 2010, a pesquisa questionava o quesito cor ou raça (o que inclui indígenas) para qualquer pessoa da população brasileira. Se a pessoa estivesse em terras indígenas já delimitadas, os recenseadores questionavam também se ela se considerava indígena, independentemente da cor que respondesse porque, segundo o IBGE, muitos indígenas não entendiam a questão cor como representação do seu grupo étnico. Por exemplo: pessoas que respondiam serem pardas, mas se consideravam etnicamente indígenas.
Já em 2022, a questão cor ou raça também estava disponível para qualquer pessoa da população brasileira. No entanto, os recenseadores também questionaram se moradores de agrupamentos com possível presença indígena e outras áreas indígenas (como detalhados acima) também se ela se consideravam parte do grupo étnico.
Esta pequena mudança fez a contabilização da população indígena aumentar, uma vez que toda afirmação de cor ou raça é auto declaratória, ou seja, feita pela própria pessoa. Outro fator que ajudou foi a ampla participação dos povos originários na pesquisa do Censo 2022.
A população indígena teve taxa de não-resposta de 1,7% – um percentual menor em comparação com a população geral, que foi de 4,3%. Para concluir o censo dos povos originárias, o IBGE contou com a ajuda de guias comunitários, intérpretes e institucionais.
Com explicações do G1*