Formosa do Rio Preto: Cerca de 300 pessoas se identificam como quilombola, aponta IBGE

Processo de identificação do povo quilombola em Formosa do Rio Preto, começou em 2017. No ano seguinte teve reconhecimento da Fundação Palmares.

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Moradores das comunidades quilombolas Buritizinho e Barra do Brejo em Formosa do Rio Preto - Foto: Divulgação: Prefeitura de Formosa do Rio Preto (BA).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (27), dados da pesquisa Brasil Quilombola, que integra o Censo Demográfico de 2022. Os números apontam que o município de Formosa do Rio Preto, na Bahia, tem 296 pessoas que se autointitulam como povo quilombola.

Essa é a primeira vez na história do Censo Demográfico, em que população quilombola pode se autoidentificar. A Bahia tem, atualmente, uma população estimada de 397.059 quilombolas. O que representa 2,8% da população total do estado que é de 14.136.417 pessoas.

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O reconhecimento como comunidade quilombola, é um movimento novo para o povo de Formosa do Rio Preto, na Bahia, iniciado em 2017, quando a região do Buritizinho e Barra do Projeto foi certificada pela Fundação Palmares como remanescente quilombola. (leia aqui)

Censo 2022, Quilombola
Certificação emitida pela Fundação Cultural Palmares – Foto: Reprodução

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De modo geral, as comunidades quilombolas são oriundas daquelas que resistiram à brutalidade do regime escravocrata e se rebelaram frente a quem acreditava serem eles sua propriedade.

Após o reconhecimento, não há informações se houve continuidade do processo. O Portal do Cerrado tentou contato com a Coordenadora de Comunidades Tradicionais, mas ela informou, por duas vezes diante da insistência, que a comunidade já havia sido certificada e pediu para procurá-la na semana seguinte.

Na pesquisa realizada por este editor do Portal do Cerrado e pela Assistente Social, Roneide Saraiva, que embasou o primeiro reconhecimento em território do município, as duas comunidades se derivam de escravos levados para fazenda Mocambinho, no Sul do Piauí, que por sua vez, foram trazidos da Mocambo, fazenda centenária no município de Parnaguá, com histórico escravista.

Parte da história

Na fazenda Mocambo, há ainda resquícios da Casa Grande e instrumentos de tortura utilizados para maltratar escravos. Um dos membros da família, nasceu na região da cidade do Porto em Portugal e virou capitão-mor, recebendo a missão de colonizar o Nordeste do Brasil a partir do norte da Bahia.

Ele foi sepultado dentro da capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, construída no século XVIII por sua esposa, Helena de Souza Lustosa, onde foram redescobertos os túmulos.

Capela restaurada na Fazenda Mocambo em Parnaguá, no Sul do Piauí – Foto: Genealogia Lustosa
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Lápide do túmulo de José da Cunha Lustoza, na Capela de Nossa Senhora do Rosário na fazenda Mobambo em Parnaguá, no Sul do Piauí, construída no século XVIII – Foto: Raniel Lustosa de Moura
Censo 2022
Transcrição do registro original da Carta de Sesmaria que concedeu a José da Cunha Lustosa, em 22 de julho de 1747, a Fazenda Mocambo. Conteúdo transcrito e autenticado pelo ARQUIVO PÚBLICO DO PIAUÍ no dia 16 de julho de 1987. Enviado por Raniel Lustosa de Moura via blog Genealogia Lustosa

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