Júnior Santos: Dos campos de terra na Bahia à glória no Botafogo

Júnior Santos, Botafogo
Junior Santos com a camisa do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

Oito anos. Foi tempo entre os campos de terra no interior da Bahia, até o gol que definiu o Botafogo como campeão da Libertadores em 2024. Quis o destino, que Júnior Santos, o menino pobre de Conceição de Jacuípe, conhecesse a glória no Glorioso, o alvinegro carioca, que faz festa junto a torcida neste domingo (1º), nas praias do Rio de Janeiro.

Começou tarde, logo após aos 20 anos e não passou pelas categorias de base. Perdeu a mãe aos 8 anos e labutava como servente de pedreiro e caixa de um supermercado. Sua cidade natal, também conhecida como Berimbau, lhe rendeu também o codinome. No meio tempo da rotina pesada, participava do futebol amador. Chegou a fazer teste em clubes como o Bahia e outros dois times de Feira de Santana, mas sem sucesso.

Do Campeonato Paulista à Ásia

Em 2017 tentou a sorte no Osvaldo Cruz, que naquele ano disputava a quarta divisão do Campeonato Paulista. O seu bom desempenho o levou ao Ituano, aprovado em testes e se firmou como destaque, marcando quatro gols em 11 partidas. Em março, matéria do UOL falava de sua trajetória nos campos de várzeas e suas dificuldades para se firmar como jogador.

A performance no Paulista de 2018 abriu portas para sua transferência à Ponte Preta. Ao longo da temporada, marcou nove gols em 38 partidas e se tornou vice-artilheiro da equipe.

Em 2019, Júnior foi contratado pelo Fortaleza, assumindo a camisa 9. No clube cearense, brilhou ao marcar 10 gols e conquistar o Campeonato Cearense e a Copa do Nordeste, onde foi o artilheiro e eleito craque do torneio. O sucesso o levou ao Kashiwa Reysol, do Japão, onde integrou o elenco campeão da J-League 2. Passou também por Yokohama F. Marinos e Hiroshima Sanfrecce, marcando gols importantes e se consolidando como goleador.

Em 2022, Júnior Santos retornou ao Brasil para defender o Botafogo, sendo um empréstimo até junho do ano seguinte, com opção de compra por R$ 20 milhões.

O jogador valorizou o caminho que teve.

– É uma batalha muito grande. Eu cheguei a desistir de ser jogador profissional. Aí tive oportunidade no Osvaldo Cruz, depois Ituano quando o meu empresário me encontrou. Foi difícil essa adaptação de várzea para o profissional… Em três meses de profissional, já tinha quatro gols no Paulista, que é muito forte. Fui artilheiro na Copa do Nordeste e no Fortaleza. O Ceni pediu minha contratação. Um ano de profissional já tinha grandes feitos. No amador, tem muitos jovens que precisam de alguém olhando. O diamante vem da lama e ele tem que ser garimpado. A essência do Brasil é essa, é jogar descalço, na rua

Em agosto, apresentado oficialmente, escolheu a camisa 37. Sobre a escolha de sua camisa, disse:

O número 37 é porque me chamo José, José Antônio. Em Gênesis, capítulo 37, tem a história de José, que eu me identifico bastante, é muito bonita. Então uso a camisa 37 por causa disso. José foi vendido pelos seus irmãos e depois virou governador do Egito. Teve muitos momentos de dificuldade, foi preso e acredito que tenha dito: “Eu tive tantos sonhos e Deus não concretizou isso na minha vida”. Acredito que ele tenha sentido isso psicologicamente, mas ali no final Deus realizou o sonho dele. Então lembra minha história também… Eu não desisti do futebol e, com 23 anos, Deus realizou meu sonho também, disse em entrevista.

Leia mais em Portal do Cerrado com Wikipedia e Lance.

Sobre Darlan Alves Lustosa 8394 Artigos
Darlan Alves Lustosa é natural de Formosa do Rio Preto, no extremo Oeste da Bahia, onde construiu uma sólida trajetória de envolvimento comunitário e defesa dos direitos locais. Com registro profissional 6978/BA e longa experiência como escritor e jornalista, Darlan é um entusiasta da política como ferramenta de transformação social. Ao longo de sua carreira, tem se dedicado a reportagens e artigos que buscam informar, educar e inspirar os leitores a participarem ativamente da vida cívica.Além de escrever para o Portal do Cerrado, Darlan também é sindicalizado e participa ativamente de iniciativas que promovem o desenvolvimento regional e o fortalecimento das causas populares. Sua atuação inclui a organização de eventos, como o Seminário de Combate ao Racismo Institucional e a Palestra do Defensor Público do Estado da Bahia, ambos realizados em Formosa do Rio Preto, com o objetivo de incentivar o diálogo e a justiça social.Darlan acredita que informar é um ato de responsabilidade social, e seu compromisso com a verdade e a precisão jornalística se reflete em cada publicação. Ele vê o Portal do Cerrado não apenas como um canal de notícias, mas como uma plataforma para fortalecer a voz do Oeste da Bahia e dos seus habitantes.
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