Kongjian Yu e o legado das cidades-esponja no urbanismo mundial

Arquiteto chinês criou o conceito de cidades que absorvem água da chuva, revolucionando projetos urbanos em mais de 70 cidades pelo mundo.

Kongjian Yu; arquiteto que morreu no pantanal, queda de avião em aquidauana,
O arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim — Foto: Kongjian Yu/Turenscape/Agência Fapesp

Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim, arquiteto e diretor do escritório Turenscape, morreu na noite de terça-feira (23) em um acidente aéreo no Pantanal, Mato Grosso do Sul. Ele foi o criador do conceito de cidades-esponja, capazes de absorver grandes volumes de água e reduzir enchentes. As informações são do g1.

Formado pela Universidade Florestal de Beijing e doutor pela Universidade Harvard, Yu projetou obras em mais de 70 cidades. Seu modelo urbanístico utiliza parques alagáveis, telhados verdes e calçamentos permeáveis, integrando soluções naturais no planejamento urbano e garantindo reservas hídricas.

Origem e inovação das cidades-esponja

A ideia de cidade-esponja ganhou força após a tragédia em Pequim, em 2012, quando chuvas intensas mataram quase 80 pessoas. A Cidade Proibida permaneceu seca graças ao sistema de drenagem antigo, mostrando a importância de soluções naturais para infiltração da água.

Yu defendia que cidades modernas dependem demais de concreto e bombas, enquanto soluções baseadas na natureza permitem controlar enchentes e armazenar água de forma sustentável. Desde então, a China investiu pesado nesse modelo, inspirado nos princípios de Yu.

Como funcionam as cidades-esponja

  1. Parques alagáveis: ficam inundados durante cheias e funcionam como lazer em períodos secos, com vegetação nativa que retém água e aumenta biodiversidade.
  2. Telhados verdes: instalados em prédios, reduzem a água que vai para bueiros, refrescam a cidade e filtram o ar.
  3. Calçamentos permeáveis: pisos porosos permitem infiltração gradual da água, como visto em Copenhague e cidades chinesas.
  4. Praças-piscina: áreas esportivas que se tornam reservatórios temporários durante tempestades, liberando água aos poucos, como na praça Benthemplein, em Roterdã.

Exemplos pelo mundo

A China lidera a aplicação do conceito. Em Jinhua, o parque Yanweizhou substituiu muros de concreto por áreas verdes que controlam enchentes e oferecem lazer.

Outros exemplos incluem:

  • Roterdã (Holanda): praça Benthemplein com três bacias para armazenar água.
  • Copenhague (Dinamarca): pisos porosos na praça Langelands.
  • Nova York (EUA): parques à beira do East River para controlar cheias.
  • Bangcoc (Tailândia): parque Chulalongkorn armazena grandes volumes de água em épocas de chuva intensa.

Debate no Brasil

O Brasil ainda depende de piscinões, que acumulam água de forma passiva e causam problemas urbanos. As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul reforçaram a necessidade de políticas públicas para cidades-esponja, mas iniciativas ainda são pontuais.

Legado de Kongjian Yu

Fundador da Turenscape, Yu deixou centenas de projetos em parques e espaços públicos no mundo. Seu conceito de cidade-esponja permanece como referência global, mostrando que é possível urbanizar sem ignorar a água.

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