O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou na sexta-feira (29), 15 decretos de declaração de interesse social para fins de desapropriação de áreas pertencentes a comunidades quilombolas. A medida contempla territórios em oito estados brasileiros, incluindo a Bahia, beneficiada com cinco áreas quilombolas reconhecidas. Destaca-se, a comunidade quilombola de Pitanga de Palmares, em Simões Filho, e o de Vicentes, em Xique-Xique.
Quilombo Pitanga de Palmares
Localizado em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, a comunidade de Pitanga de Palmares foi palco de um dos episódios mais trágicos da luta quilombola recente: o assassinato de Mãe Bernadete Pacífico, em agosto de 2023. A líder quilombola, de 72 anos, era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e liderava o território.
Mãe Bernadete morreu assassinada dentro de sua residência, na área do terreiro de candomblé que comandava. O território abrange áreas em Simões Filho e Candeias, beneficiando 536 famílias que enfrentam ameaças e tentativas de invasão há anos.
Quilombola de Vicentes
O decreto presidencial também contemplou o povo quilombola de Vicentes, em Xique-Xique. Localizado no semiárido baiano, o território abriga 29 famílias que mantêm vivas as tradições e a história de resistência de seus antepassados. O reconhecimento é uma vitória para a comunidade, que há anos luta pelo direito à terra e por políticas públicas que garantam sua permanência e desenvolvimento sustentável.
As 29 famílias inseridas nesta comunidade vivem da agricultura, pesca, coleta de mel, caça e criação de bovinos, suínos, ovinos e caprinos.
A formação do grupo remonta à chegada de Vicente Pereira Baldoíno no local que, posteriormente, seria chamado de Vicentes. De acordo com o Incra, isso ocorreu no fim do século XIX, em algum momento entre a proximidade do fim da escravidão e o período inicial pós-abolição.
Vicente Baldoíno se casou com Joventina Pereira, nascida numa comunidade ribeirinha próxima. A partir da união dos dois, originou a atual comunidade de Vicentes. Os membros vivos conservam algum grau de parentesco com o casal.
Além de Pitanga de Palmares e Vicentes, outras áreas quilombolas na Bahia foram beneficiados, como o Lúna, em Lençóis e Jetimana e Boa Vista, em Camamu.
Lúna, inclusive, serviu de inspiração para o premiado livro “Torto Arado”, do escritor baiano Itamar Vieira Júnior.
