Prática comum no Brasil no período colonial e imperial, quando milhões de africanos foram escravizados, trazidos de seus países de origem para trabalhar em fazendas de cana-de-açúcar e engenhos, os efeitos dessa prática nefasta, ainda são sentidas na sociedade baiana atualmente. Humanos tratados como propriedades, submetidos a condições de trabalho extremamente difíceis e desumanas, permanecem hoje, com o trabalho escravo contemporâneo.
No ano passado, 2.575 pessoas foram resgatadas de situações análogas à escravidão contemporânea no país. Oitenta e dois delas, na Bahia. Os dados foram copilados pelo Sindicato dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia (Safiteba). Desde 1995, quando da formação dos grupos móveis de fiscalização, o número passa de 60 mil.
Os dados oficiais das ações de resgate estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT.
Até a pequena Buritirama, no Oeste da Bahia, figura entre os municípios do estado, com trabalhadores em condições análogas à de escravo, encontrados pela inspeção do trabalho em 2022.
“Ao apurar o perfil dos resgatados, fica evidente que os afrodescendentes oriundos do nordeste brasileiro são as maiores vítimas dessa prática que vem sendo perpetuada no país. 92% deles eram homens, 29% tinham entre 30 e 39 anos. 51% residiam na região nordeste e outros 58% eram naturais dessa região. 83% deles se autodeclararam negros ou pardos e 15% brancos e 2% indígenas.
“O baixo nível de escolaridade, procedente da falta de oportunidades dadas ao povo preto nordestino, também se evidencia no perfil dos resgatados. 23% deles declararam ter estudado até o 5º ano incompleto, outros 20% haviam cursado do 6º ao 9º ano incompletos. 7% dos trabalhadores resgatados se declararam analfabetos”,
informou o sindicato
Luta por direitos
Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, comemorados neste 28 de janeiro, instituída através da a lei n.º 12.064/2009, em homenagem aos Auditores-Fiscais do Trabalho (AFTs) Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e ao motorista Aílton Pereira de Oliveira, mortos enquanto realizavam ação de Inspeção do Trabalho em Unaí.
A data chama a atenção da sociedade para os altos índices de trabalho escravo no país e a necessidade de uma mobilização para a sua erradicação.
Com o Correio24horas.