A conjuntura positiva da safra de algodão na Bahia que, pelo segundo ano consecutivo, vai atingir produtividade média acima de 300 arrobas/hectare, vem incentivando os agricultores a manter o uso de tecnologia e manejo adequados no campo. Em meio à colheita da segunda melhor safra de algodão no estado, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Fundação Bahia e Embrapa, realizaram no último sábado (7), em Luís Eduardo Magalhães (BA), o tradicional Dia de Campo do Algodão. Cotonicultores, consultores, profissionais e estudantes da área se aprofundaram em temas que visam incrementar a produtividade no campo e buscar maior qualidade da fibra para o mercado consumidor. A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil e prevê uma colheita de 1,2 mil toneladas na safra 2017/2018, sendo 481 mil toneladas em pluma.
Considerado o principal evento técnico de algodão na Bahia, o Dia de Campo apresentou cerca de 20 diferentes variedades de algodão disponíveis no mercado, a exemplo de cultivares transgênicas para as áreas de refúgio; resistentes à pragas e doenças como nematoides, ou aquelas que focam na qualidade da fibra e em características ideais para a indústria têxtil. Ao percorrer as estações montadas no Campo Experimental da Fundação Bahia, o cotonicultor Douglas Di Domenico, aproveitou para saber mais sobre as novidades para a cultura do algodão para investir na próxima safra agrícola. “O Dia de Campo é a oportunidade de atualização das principais cultivares e de técnicas que visam melhores resultados”, afirma, ao prometer voltar no próximo ano.
Da área de comercialização e qualidade da fibra, os participantes conferir as palestras “Como agregar valor na fibra de algodão”, com o coordenador de algodoeiras da SLC Agrícola, Edmilson Santos; e “Comportamento das Cultivares de Algodão do Mercado”, com o pesquisador Dr. Eleusio Curvelo Freire, da Cotton Consultoria Empresas Públicas. Presente ao Dia de Campo com um grupo de nove acadêmicos, a professora do curso de Agronomia da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Mirian Nogueira, pretende renovar o conhecimento técnico sobre a cultura do algodão. “Há um avanço constante em cultivares, manejos e pesquisas que, para quem atua ou atuará no setor agrícola, é preciso acompanhar”, afirma ela, ao elogiar a organização do evento.
Da área de defesa fitossanitária, o Dia de Campo do Algodão também trouxe novidades sobre “O Impacto Econômico da Spodoptera no Algodão com o Dr. Geraldo Papa, da Unesp/SP. Quem passou pelo Dia de Campo, também presenciou a demonstração e informações sobre os usos e benefícios dos drones na agricultura. Para Zirlene Zuttion, presidente da Fundação Bahia, o Dia de Campo do Algodão é o momento em que são reunidas todas as tecnologias ligadas à produção da pluma. “É um dia de intercâmbio e troca de experiências entre os próprios cotonicultores e com as empresas que investem em novas tecnologias e avaliam os resultados destas variedades e formas de manejo para incrementar a produtividade na lavoura”.
Conjuntura – Na abertura do evento, o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, citou as ações que vem sendo desenvolvidas pelas entidades agrícolas para garantir a competitividade e rentabilidade do produtor, a exemplo dos programas fitossanitário da soja e do algodão, Operação Safra, e da busca de soluções de logística junto ao Estado. Para o presi dente da Abapa, Júlio Cézar Busato, “é necessário unir forças para avançar nas questões que estão fora da fazenda, como logística, segurança física e jurídica das fazendas, além das questões fundiária, fitossanitária e ambiental. Todo este cenário deve ser favorável para que os agricultores possam continuar produzindo com técnica e qualidade para obter rentabilidade no campo, o que vem sendo prejudicado por cobranças e burocracia ineficientes”, afirma.
Busato reforçou, durante a abertura do Dia de Campo do Algodão, sobre a boa conjuntura vivenciada pelos cotonicultores baianos, que depois de quatro safras com poucas chuvas e baixa produtividade, voltaram a contar com produção e o preço favoráveis. Aos poucos, será retomada a capacidade instalada de 400 mil hectares de produção no oeste da Bahia, e vamos resgatar a riqueza perdida e os empregos que foram suspensos com a estiagem evidenciando a importância do algodão para a região”, reforçou Busato. Com a previsão da regularidade do ciclo de chuvas e da cotação do mercado, a próxima safra de algodão já prevê um crescimento de área, saindo dos 263 para 300 mil hectares. A atual safra de algodão da Bahia deve abastecer principalmente a indústria têxtil brasileira, sendo o restante dela, cerca de 40%, destinada para o mercado externo para os países asiáticos.