João Pedro Pitombo | Salvador | SALVADOR, BA Folhapress |
O corpo de José Hunaldo Moura de Carvalho, 85, foi encontrado por equipes do Corpo de Bombeiros sob escombros de casarões que pegaram fogo na noite de segunda-feira (5), em Salvador.
Ele era dono de uma serraria que funcionava em um dos dois casarões incendiados na região da Baixa dos Sapateiros, Centro Antigo de Salvador.
O fogo ocorreu 24 horas depois de um incêndio destruir o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio. O incêndio começou por volta das 21h40 de segunda. As chamas, que podiam ser vistas a distância, foram contidas por volta da 0h.
O Corpo de Bombeiros, que tem uma unidade na mesma rua onde aconteceu o incêndio, atuou com cinco equipes com 40 homens para combater o fogo.
Os imóveis atingidos pelo fogo não eram tombados, mas ficam no Centro Antigo de Salvador, área considerada estratégica do ponto de vista do patrimônio histórico. A maioria dos imóveis da Baixa dos Sapateiros é da segunda metade século 19.
Nesta terça (6), os bombeiros realizaram o trabalho de rescaldo da estrutura dos casarões. A Defesa Civil de Salvador vai realizar uma perícia para verificar se a estrutura dos imóveis foi comprometida.
Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil da Bahia para investigar as causas do incêndio.
Revitalização de Casarões
No ano passado, a Câmara Municipal de Salvador aprovou um pacote de incentivos fiscais para requalificação de imóveis abandonados ou subutilizados no centro da cidade.
De um lado, o projeto daria descontos em tributos para quem reformar, manter e dar uso a imóveis da região. Do outro, previa que quem não fizer o devido restauro pagará IPTU mais caro e pode até ser alvo de um processo administrativo para arrecadação do imóvel -uma espécie de “estatização” sem contrapartida financeira.
Além do centro histórico, área tombada pela Unesco em 1984 que inclui o Pelourinho, o projeto da prefeitura soteropolitana contempla outros dez bairros da região central da cidade, incluindo Comércio, Lapinha e Nazaré.
Ao contrário do projeto de revitalização do centro histórico realizado nos anos 1990, a nova iniciativa não previa aquisição nem investimento direto do poder público na recuperação dos casarões.