Cargill divulga carta aos produtores brasileiros e se diz contrária à moratória no Cerrado

Reprodução: Isto É Dinheiro

por Camila Souza Ramos | Valor

A Cargill, maior companhia de agronegócios do mundo, divulgou no último dia 24, uma carta aos produtores brasileiros de soja na qual afirma ser contra uma “Moratória do Cerrado” nos moldes do acordo entre as tradings que envolve a Amazônia. Nesse acordo, as tradings se comprometeram a não comprar mais grão produzido nesse bioma. Na carta, assinada pelo gerente

Na carta, assinada pelo gerente de originação da companhia na América Latina, Helio Tamburri, a companhia afirma que a criação de um fundo de R$ 30 milhões – anunciado na semana retrasada para combater o desmatamento no Cerrado – não muda em nada a posição contrária da empresa a uma moratória também nessa região, defendida por movimentos ambientalistas…

Veja matéria completa do Valor Econômico no site abaixo

Cargill diz ser contra a Moratória do Cerrado

Leia a Carta Aberta da Cargill

São Paulo, 24 de junho de 2019.

Carta aberta aos Produtores de Soja 

Senhoras e Senhores, Como é de seu conhecimento, a Cargill acaba de divulgar a criação de um fundo, no valor de U$ 30 milhões, para buscar e fomentar ideias inovadoras que contribuirão para acabar com o desmatamento no bioma do Cerrado e, ao mesmo tempo, suportar a prosperidade dos produtores rurais e comunidades locais. De maneira muito objetiva, a criação deste fundo não muda o posicionamento da empresa de ser contrária à criação de uma “Moratória do Cerrado” e de continuar participando e contribuindo para a discussão e transformação setorial envolvendo diversos atores por meio do Grupo de Trabalho do Cerrado (GTC). 

Somos contrários à “Moratória do Cerrado”, pois entendemos que este não é o instrumento adequado para solucionar a questão. A moratória não endereça os desafios sociais, econômicos e, em última análise, ambientais, e é muito provável que cause consequências – mesmo que não intencionais – para os agricultores e comunidades que dependem da agricultura para sua subsistência. Pedir que as empresas excluam produtores das suas cadeias não resolve o problema – simplesmente transfere para outras empresas ou atividades 

Como já é sabido, o desmatamento na cadeia de soja no Brasil é um tema complexo que necessita de uma solução que proteja a vegetação nativa e, ao mesmo tempo, permita que produtores rurais e comunidades prosperem. Na nossa avaliação em nenhum lugar a questão da prosperidade é mais crítica do que na região do Cerrado brasileiro, por se tratar de uma região altamente povoada e com importantes carências em termos de infraestrutura e desenvolvimento humano. Esta região é fundamental para alimentação do planeta, pois possui grande potencial de crescimento de produção nas próximas décadas. 

Existem esforços em todo o planeta para reduzir emissões de GHG (gases de efeito estufa), com discussão de medidas como o uso de energias limpas, mudanças de hábitos de consumo, entre outras. E a agricultura no Cerrado faz parte deste contexto global, embora não seja o único aspecto na mesa de discussões. É importante lembrar que há cerca de cinco anos a Cargill assinou a Declaração de Nova Iorque de Florestas. Ao fazê-lo, nos comprometemos a conter a perda de vegetação nativa global, melhorando a segurança alimentar para todos. 

Este é um compromisso com o qual continuamos alinhados. Desde 2014, desenvolvemos novas políticas e planos de ação, aderimos à coalizões e firmamos alianças com parceiros de peso. Juntos estamos tomando medidas como a implementação de programas significativos para o fornecimento de cacau na Costa do Marfim, o óleo de palma na Indonésia e a soja no Brasil. 

A Cargill, a indústria e organizações em todo o mundo precisam fazer mais. Precisamos nos mover mais rápido e agir juntos. Dessa forma, estamos nos comprometendo com um fundo de US$ 30 milhões para ajudar a encontrar uma alternativa inovadora e economicamente viável para o crescimento dos produtores, que não seja a conversão da vegetação nativa do Cerrado. Conforme divulgado nos últimos dias estamos chamando os líderes da indústria, produtores rurais, clientes, academia, ONGs, startups e outros para se juntarem a nós na busca de soluções de longo prazo. 

Em paralelo, continuamos tomando medidas para transformar a cadeia de soja no Brasil, tornando-a ainda mais sustentável. Temos uma política robusta para a preservação de florestas e planos de ação para entregar nosso compromisso de proteger vegetações nativas, e contribuir para prosperidade de produtores rurais e comunidades. 

Sabemos que esse é um tema muito importante para você e queremos continuar o diálogo. Nossa equipe permanecerá à sua disposição para eventuais esclarecimentos ou contribuições para que o fundo recém divulgado atenda ao propósito para o qual está sendo criado, que é o mesmo da Cargill, de nutrir o mundo de forma segura, responsável e sustentável. 

Atenciosamente, 

Helio Tamburri 

Gerente de Originação 

Cargill Agricultural Supply Chain América Latina 

Sobre Darlan Alves Lustosa 7979 Artigos
Darlan Lustosa é formosense que gosta da escrita e acredita que a política é um meio de transformação da vida das pessoas.Vive e mora em Formosa do Rio Preto, no extremo Oeste da Bahia, com registro profissional 6978/BA e sindicalizado, sobretudo para fortalecer a causa e defender direitos.
0 0 votos
Classificação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários