No Oeste da Bahia, mais da metade da área dos imóveis rurais é destinada à preservação da vegetação nativa local. A região está no bioma Cerrado e corresponde ao BA do Matopiba, acrônico da área de expansão da agricultura no Brasil formada por partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A extensão de terras reservadas pelos produtores locais para a preservação foi estimada pela Embrapa Territorial a partir da análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), a pedido do Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
Nos 32 municípios avaliados, a mancha verde dos espaços reservados à preservação do Cerrado dentro das propriedades recobre mais de quatro milhões de hectares, o que equivalente a 52% do espaço total dos imóveis. O percentual é 2,5 vezes maior do que o exigido pelo Código Florestal – 20%.
A área preservada corresponde a 30% do território do Oeste Baiano e é quase 12 vezes maior do que as unidades de conservação e terras indígenas. “É a região da Bahia que mais dedica área à preservação da vegetação nativa”, garante o que chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda. Ele apresentou os dados durante o Fórum do Canal Rural realizado em 29 de maio, em Luís Eduardo Magalhães, BA.
Com produção concentrada no Oeste, a Bahia respondeu, na safra 2016/2017 por cerca de 23% da produção brasileira de algodão. O estudo da Embrapa também avaliou os dados do CAR das 132 propriedades com cotonicultura na região. Elas também preservam mais do que o exigido pela legislação. A área destinada à vegetação nativa é próxima de 40% – mais de 220 mil hectares.
O estudo da Embrapa Territorial ainda calculou o valor do patrimônio imobilizado pelos agricultores nas áreas de reserva legal. As estimativas apontam pelo menos R$ 11 bilhões em terras não cultivadas. Miranda aponta que, se fossem utilizadas na produção, seriam mais valorizadas. “Se essa terra hoje fosse manejada, o valor seria de 26 bilhões de reais”, analisa.