A Semana Santa no maior município baiano, registrou em 2022 cenas de vandalismo no Centro da cidade, tradição cultural e celebrações em povoados da zona rural. Com um hiato de dois anos por conta da pandemia da Covid-19 que assolou o mundo, no município foram registrados atos de fé, renovação de tradições e outras que indicam o desaparecimento.
Chamou a atenção cenas de vandalismo na porta da Igreja da Santa Cruz no Centro da cidade, quando pneus foram queimados sobre a calçada da igreja. Na cidade, sempre foi tradição no sábado que segue a Sexta-Feira Santa, moradores amontoarem objetos na porta da Igreja Matriz. No entanto, queima na pneus e vários objetos largados no meio da rua, ainda é uma novidade, que não agradou.
A tradicional Via Sacra que por anos foi encenada na porta da Igreja Matriz, quando a participação da juventude católica era maior e atuante, ganhou uma procissão pelas ruas da cidade. Um pequeno número de fiéis acompanhou a celebração dirigida pelo padre Dutra que atualmente atende a paróquia.
No povoado de São Marcelo, no sentido Gerais do Rio Preto, o que já foi uma tradição pelas ruas de Formosa do Rio Preto, voltou a cena. Caretas, grupo de pessoas caracterizadas com máscaras com a intenção de assustar principalmente crianças, saíram pela pequena vila que está mais ou menos 42 km do Centro da cidade, onde o rio Preto encontra-se com o rio Sapão.
Já o povoado de Canabrava, também com pouco mais de 40 km da sede municipal, só que no sentido a Barreiras pela BR-135, uma festa de celebração que acontece há anos, com a busca do mastro, um tronco de madeira buscado por moradores mata a dentro e levado ao centro do povoado onde é levantado, como se diz. Durante uma semana, as pessoas rezam no local e já na madruga de sábado de Aleluia começa uma alvorada que passa em várias residências do povoado. Este ano o evento contou com a apresentações de Ilân Câmara conhecido como o Vaqueirinho de Luxo, Lucas do Acordeon e DJ Pisadinha na noite de sábado. Como nos anos anteriores, a festa teve apoio da prefeitura de Formosa do Rio Preto.
As tradicionais rezas que aconteciam nas residências passou a ser uma raridade. A mais tradicional delas, acontecia na casa de Maria Parteira, como o nome indica, além de parteira era fervorosa católica e rezadeira de Formosa do Rio Preto. A noite inteira era de orações e pela manhã entoados cânticos de louvor, com participação ativa da comunidade.
História e tradição
Tradicionalmente, a Semana Santa em Formosa do Rio Preto sempre foi um momento de professar a fé, principalmente os antepassados formosenses. Um exemplo foi dona Izidoria Nunes, que iniciou a reza do Terço da Paixão, entoando benditos para a Paixão e Morte de Jesus, tradição passada para sua filha Hermenísia Nunes e demais irmãs.
Uma das celebrações mais tradicionais que se sucederam, acontecia na casa de Maria Parteira, que da mesma forma que as outras irmãs, rezavam até o momento em que o galo cantava nas primeiras horas da madrugada do sábado, quando a devoção era encerrada com o Terço do Aleluia.
Com a partida de várias delas, e para dar continuidade a devoção ao Senhor Morto, Nalva Nunes, filha de Hermenízia e Neta de Izidória, mantém a tradição com sua filha Clarice Nunes e demais familiares em uma capela erguida em homenagem a São João Batista na residência dela, nas redondezas da cidade.
Um dos momentos de mais alegria e emoção se dá na hora de entoar o Bendito, o ápice desse tipo de celebração que hoje quase não mais se vê.