Todas as fotos do show de Maira Lemos e Laércio Correntina em Formosa do Rio Preto

Foto: Portal do Cerrado

por Darlan Alves Lustosa | Portal do Cerrado

 

Sândalo Nogueira, Isael Rocha e Rossana Oliveira, repetiram o sucesso ao trazer Maíra Lemos e Laércio Correntina em um show espetacular no Espaço Premium em Formosa do Rio Preto (BA), no última dia 10. Dona de uma voz marcante, Maíra empolgou o público que se divertiu ao som da MPB ao rock da banda inglesa  Led Zeppelin. Acompanhada do músico e cantor Laércio Correntina, do guitarrista Emílio Queiroz,  Marcelo Maia no baixo, Bereu Silva na bateria e Victor Lucena na percussão.

 

Os mais velhos e saudosistas,  foram brindados por uma carta escrita por José Paes Landim, um formosense de coração que chegou a,  ainda pequena cidade aos oito anos de idade, vindo de Santa Rita de Cássia, filho de Oscar Paes Landim e hoje aos 90 anos,  mora em Salvador, desde o final da década de 1970.

.

Ele fez um resumo poético de uma Formosa de outrora, mais cultural, mais dinâmica nas artes e, que reproduzimos na íntegra abaixo. 


Caro amigo Sândalo,

 

                Como já é do seu conhecimento, motivos superiores, afastam-me do prazer de viver com você e com os demais amigos as alegrias de sua Festa, em noite especial de confraternização e de amizade.

              Aos meus agradecimentos pelo convite, se agregam parabéns por tão feliz iniciativa, que se soma a outros gestos do seu amor à Terra, manifestados através de movimentos culturais, com reforço aos valores enobrecedores, que moldaram a sociedade formosense, ao que se junta sua luta em defesa do nosso Rio Preto e do meio ambiente, assunto sobre o qual se voltam nossas preocupações, cujo comprometimento com a causa, vem dando o melhor de si e do seu ideal.  Que melhor o diga o canto de sua bela canção A VOZ DO RIO, em parceria com Laércio Correntina.

               Dá-se como “Canto cultural de Formosa do Rio Preto” a  realização de sua Festa, que tomamos como resgate dos valores enobrecedores acima lembrados, que nos levaram a viver aqui uma civilização, no campo das artes, das letras e da música, emoldurada pela beleza do Rio Preto.

               Das artes, quem não se lembra do Teatro São Roque, de Jorge Correia, onde e quando tantas vocações e talentos artísticos  foram ali revelados?

               Das letras, como esquecer do Circulismo Literário, que se traduzia no gosto das pessoas pela leitura, preservando-se o hábito, em cada leitor, de repassar, depois de lido, o livro a outros leitores, cuja paixão pelo saber literário, estava também nos jovens estudantes?

               A estes, embora do curso primário, eram familiares, dentre outros, escritores como Machado de Assis, José de Alencar e  Euclides da Cunha, assim como familiares lhes eram, também, poetas, como Castro Alves, Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, que, a reverenciar-lhes a memória, ditos estudantes declamavam habitualmente suas poesias em solenidades cívicas.

                Da música, como não termos presentes em nossas reminiscências as tardes de domingo na então Vila Formosa, tomadas pelas tocatas em casas amigas, cujas salas de visita se transformavam em salas de concerto, quando, como sinal de boas-vindas, nunca faltava  o cafezinho, acompanhado de petas e ginetes, precedido do tradicional vinho de caju!

               Seria injusto não trazermos nestas reminiscências, inclusive para nossas homenagens, os responsáveis por estas tocadas, como D. Zélia Araújo, na execução de sua flauta, contemplando-nos com lindas valsas de sua autoria, D. Belinha Mendes em não menos bela execução no seu bandolim, tendo, a fazer-lhe parceria, com o mesmo instrumento, Helena Gomes, Tonê Milhomens e Carmila Miranda.

               Integravam-se a estes reencontros musicais Edmundo, com seu saxofone, Olindina com seu violino, o infalível Gomerilo, com seu violão de acompanhamento, e, finalmente, o Prof. Antônio Soares, expressão maior do virtuosismo, na execução de vários instrumentos, com destaque o violão, quando, na beleza dos acordes, nunca deixa de nos brindar com Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu.

               Tínhamos ainda o saldado Oscar, cuja arma era sua clarineta, brindando-nos sempre com o melhor do seu repertório: o chorinho  “Por que choras saxofone”? Que se sintam lembradas e homenageadas pessoas outras não citadas, mas que deram, também, luzes às artes, às letras e à música.

               Dir-lhe-ia, por fim, caro Sândalo, que o pensador Marden, teve toda razão ao proclamar, em seu axioma, que “Se não levarmos poesia e beleza conosco, é inútil percorrermos o mundo”, máxima que completara com uma coirmã da lavra  de Dostoiévsky, ao nos dizer que “A Beleza salvará o Mundo”.


José Paes Landim 

José Paes Landim é cronista do Jornal A Tarde, nasceu em Santa Rita de Cássia (BA) e vive em Salvador a saudade de Formosa do Rio Preto (BA).

 

 

 


Sobre Darlan Alves Lustosa 7980 Artigos
Darlan Lustosa é formosense que gosta da escrita e acredita que a política é um meio de transformação da vida das pessoas.Vive e mora em Formosa do Rio Preto, no extremo Oeste da Bahia, com registro profissional 6978/BA e sindicalizado, sobretudo para fortalecer a causa e defender direitos.
0 0 votos
Classificação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários