Whindersson Nunes defende lei contra fake news após morte de jovem

Jovem cometeu suicídio após ser vítima de fake news sobre relacionamento com o youtuber; páginas de fofoca divulgaram prints falsos

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Whindersson Nunes divulgou vídeo. Crédito: Reprodução/Instagram

O youtuber e comediante piauiense Whindersson Nunes divulgou um vídeo em que defende a criação de uma lei com o nome de Jéssica Vitória, a jovem que cometeu suicídio após ser vítima de uma fake news sobre um suposto relacionamento entre os dois. O pronunciamento foi postado na noite de domingo (24).

Prints de uma conversa falsa entre os dois foram publicadas por perfis que compartilham notícias sobre celebridades e influencers em redes sociais – conhecidos como “páginas de fofoca”. Jessica e Whindersson não se conheciam, mas ela foi vítima de ataques de ódio nas redes.

Jéssica tirou a própria vida depois que perfis na internet veicularam prints envolvendo um suposto flerte entre ela e Whindersson. Os dois alegaram que a conversa era falsa.

A jovem declarou que, após a repercussão da suposta conversa, passou a sofrer ataques nas redes sociais. Ela chegou a publicar um texto em seu perfil do Instagram pedindo a exclusão dos posts da conversa. Na ocasião, Raphael Souza, um dos responsáveis pelo perfil ‘Choquei’, uma das principais páginas de fofoca do país, fez uma piada sobre a declaração de Jéssica. Ele apagou posteriormente a resposta.

No vídeo, o youtuber contou que, após uma conversa com amigos, se comprometeu a acompanhar as investigações pelo caso e dar início a um movimento por uma mudança na legislação.

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“Iniciar um movimento mesmo para criar uma lei chamada Jessica Vitória, para aprimorar a legislação brasileira nesse negócio que está acontecendo agora, que é esse jornalismo não oficial. Isso é muito perigoso. Tem gente que tem muito seguidor, diz que não é uma coisa oficial, mas é uma coisa que impacta de verdade”.

Ele defendeu que publicar prints de uma conversa sem autorização das pessoas envolvidas deve ser crime – sendo verdade ou não. No caso de Jéssica, uma vez que se tratava de uma fake news, os prints também eram falsos.

“Eu sei quem é errado: é o topo da pirâmide. É quem lucra com isso. Eu não vou ficar brigando com quem tem que fazer o que mandam”, disse. “Que essa lei traga uma sanção civil ou criminal para uma pessoa que posta uma conversa sem saber a verdade dos fatos. E quem vai ser responsabilizado é o topo da pirâmide”.

Ele falou, ainda, sobre o posicionamento da Choquei, que divulgou uma nota assinada por sua assessoria jurídica. Uma das maiores páginas de fofoca do Brasil, a Choquei vem sendo criticada por internautas por compartilhar os prints. “As pessoas já foram atacar a advogada. Eu queria dizer que isso está acontecendo porque as pessoas atacam as outras também”, enfatizou.

Whindersson também alertou para a forma como as pessoas têm se dirigido ao dono da Choquei, com a foto dele divulgada em redes sociais. “O administrador da Choquei, já vi muita gente postando no Twitter a foto dele. Isso pode gerar, às vezes, um ataque no meio da rua, alguém fazer alguma coisa com esse cara. E a gente não quer mais vítimas”

Ainda assim, ele criticou como as páginas de fofoca em redes sociais publicam conteúdos sobre celebridades. “Uma página de fora, quando vai pegar um vídeo meu, eles me mandam mensagem para postar. Eles não postam até que eu diga ‘yes’, pode postar”

Jéssica Vitória morreu após propagação de fake news que apontava relacionamento com o comediante Whindersson Nunes – Foto: Portal Terra

Mãe

No vídeo, dedicado à memória de Jéssica Vitória, Whindersson se dirigiu à mãe dela em diversos momentos. Ele citou traumas da própria vida, inclusive um abuso sexual sofrido na infância.

“Primeiramente, quero falar com a mãe da Jessica. Eu sou um cara muito problemático. Eu também tento há muito tempo dar sentido à minha vida. Eu tento me curar de abuso psicológico, de abuso sexual na infância. Estou me abrindo de um jeito que eu só me abri com as pessoas com que eu já me relacionei”,

disse.

Whindersson Nunes afirma que decidiu mostrar a própria vulnerabilidade pelo momento vulnerável da mãe da jovem. “Já passei de tudo um pouco na vida, de todo tipo de coisa ruim. Eu jamais incentivaria alguém a tirar a própria vida”, acrescentou. Ele disse sentir pelo que a mãe da jovem está vivendo.

“Eu sinto muito, demais, por a senhora ter que passar o que eu passei por poucas horas com meu filho. Eu sei que eu não posso nem mensurar o tamanho disso, mas se eu puder de alguma forma ajudar, fazer com que essa dor diminua, eu estou aqui”, afirmou ele, que perdeu o filho em 2021, dois dias após o nascimento do bebê, que era prematuro.

Ministro

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou o ocorrido e defendeu o projeto de regulamentação das redes sociais.

“A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”, escreveu o ministro em sua conta do ‘X’ no último sábado (23).

Com o Correio e portal Terra

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