Colaborou Ivanei Lisboa de Brasรญlia
Das mรฃos laboriosas de Nina, um bolinho de arroz aquecia as manhรฃs frias da pequena Formosa do Rio Preto nas dรฉcadas de 80 e 90. Ostentado como o pรฃo desejado, a iguaria fazia sucesso desde outra mรฃo tambรฉm abenรงoada: A de dona Marรดta, com quem Nina trabalhava e aprendeu a receita. Marota era casada com seu Martiniano, homem negro, forte e empreendedor que morreu com mais de 100 anos e tem uma grande importรขncia na formaรงรฃo do povo formosense.
Foi da saudade da iguaria que fazia tanto sucesso no passado, que Nara Araรบjo resolveu colocar a mรฃo na massa e experimentar a receita passada oralmente por Nina a ela. O que era para matar saudade, virou um negรณcio. Nara faz questรฃo de manter a tradiรงรฃo ao usar um pilรฃo para amassar o arroz colocado de molho no dia anterior e assar em forno a lenha. Acorda ร s 3 da manhรฃ para que nos primeiros raios de sol a iguaria esteja pronta.
Ela produz o bolo de terรงa a sรกbado. Entรฃo acorde cedo e vรก viver as boas lembranรงas na lendรกria rua da Travessa, mas encomende antes para vocรช nรฃo ficar na saudade do agora bolo de Nara: (77) 99868-2110. Em tempos de pandemia ela nรฃo tem recebido visitas.
Nina que nasceu Maria Ferreira de Almeida tem 83 anos, casada com Filadelfo Correia que conheceu na cidade de Barra, onde foi a trabalho, morou por lรก e teve dois de seus oito filhos. Voltou a Formosa do Rio Preto e quando seu marido comeรงou a trabalhar na Casa da Forรงa e Luz que fornecia energia a cidade, ela, para complementar a renda, comeรงou a fazer a iguaria, que inicialmente era vendida pelos seus filhos pelas ruas da cidade. Com o sucesso, as pessoas comeรงaram a procurar o bolo em sua casa que sempre foi feito de modo artesanal e assado em forno a lenha. As fรดrmas eram confeccionadas da lata do รณleo que usava para assar o bolo.
Das manhรฃs aquecidas pelo fogรฃo a lenha e pelo cafรฉ, o bolo de arroz foi o mote para muitas conversas e fortalecimento das amizades que ajudaram construir essa cidade.
Colaborou Gleyce e Kettely Yohanna Rodrigues e Daiane Ferreira
LEIA TAMBรM:
Essa matรฉria me fez voltar na minha longรญnqua infรขncia, mas – a tรญtulo de registro histรณrico – , o bolo jรก era vendido nos anos 70, pois nessa รฉpoca vivida em Formosa atรฉ 1979(meus 13 anos). Uma das mais doce lembranรงas desse perรญodo era ir na casa de Dona Nina comprar os deliciosos bolos de Nina.