Com afastamento social pra evitar aglomeração, como estão vivendo os músicos de Formosa do Rio Preto?

O silêncio se fez presente nas noites das cidades com a pandemia do novo coronavírus criando um hiato entre artista e público, separados por um inimigo capaz de provocar isolamento, destruir vidas afastando o artista de seu público que sempre foi onde o povo estava. No tempo que se seguiu, desde o início do afastamento social, o que se observa é o cancelamento de shows e fechamento de bares e casas de espetáculo para inibir a aglomeração, atitude necessária para combater a disseminação do novo coronavírus e depois disso muitos de nossos artistas vivem momentos delicados.

Uma maneira de encurtar distâncias em tempos de novas tecnologias muitos artistas consagrados nacionalmente, com estrutura de transmissão tem realizado diversas “lives” com apoio de patrocinadores e não deixam de receber seus cachês milionários.

Já artistas locais, tão essenciais a vida noturna e cultural de pequenas cidades como Formosa do Rio Preto, cidade do extremo Oeste da Bahia, com cachês que muitas vezes não passam dos mil Reais, tem encontrado dificuldades para sua sobrevivência uma vez que tiveram seus eventos cancelados por conta da pandemia do Sars-CoV-2.

Duty do Acordeon, cantor formosense, nascido na cena musical, filho do saudoso Jordelino, um conhecido artista de mão cheia na sanfona, fazia em média três apresentações por semana e com shows marcados em Brasília, Riachão das Neves e Formosa do Rio Preto, desde meados de março toda a sua agenda foi cancelada. Ele vive exclusivamente de sua arte e com o isolamento social imposto olha para um horizonte distante. Seus três irmãos, Ró e Cal da banda Filhos de Jordelino e Tim de Jordelino também tiveram seus eventos suspensos.

Já Bruno Magnata da banda D´Korote, teve seus 14 shows para o mês de junho cancelados e mais 4 shows cancelados que aconteceriam em maio.

Formosa do Rio Preto tem uma cena musical diversificada: Além do tradicional forró, de Dute do Acordeon, Psiu e o forró romântico de Juan Lima, o pop rock da banda AZ3 até a música eletrônica do DJ Peixoto que faz música por hobby tiveram eventos suspensos. Toda sexta-feira, por exemplo havia uma apresentação no bar D´Chef Lanches e de igual forma o Madruga´s promovia apresentações no sábado.

Clovis Leite sempre se apresentava no D´Chef Lanches e desde março está sem se apresentar no local, além dos shows no Balneário Cosme e Damião e também no Vila Porto, todos esses locais com restrição de receber o público.

Clovis Leite em apresentação na D´Chef Lanches – Foto: Darlan Lustosa | Portal do Cerrado

O cantor Paquinha que está na cena musical formosense desde o início da 1990 e um de seus filhos também músico que o acompanha, teve cerca 12 shows que fazia por mês cancelados. Com a experiência de vida, acredita que talvez setembro ou outubro Formosa do Rio Preto possa voltar para a cena musical, mesmo que certa precaução.

Paquinha em foto do arquivo pessoal do cantor.

Tantos outros artistas da cidade, como a banda Stillu Único, Delano Show, Dé dos Teclados, Igor Imperador e Jorginho Vidal estão com todas suas atividades suspensas.

Vários profissionais da música como guitarristas, percussionistas e bateristas além de técnico de som, de eletricidade e pessoas que compõe cada produção, seja ela mais elaborada, robusta ou simplificada, todos eles agora visualizando uma possibilidade da vida voltar a normalidade, para que suas atividades laborais possam novamente se firmar.

Walex toca percussão e também trabalhava em balneário que está fechado | Foto: Darlan A. Lustosa

A arte é tão essencial na vida das pessoas, que fazem uso dela mesmo sem a percepção. Neste momento, todos ouvem música, vêem filmes, mas sem olhar toda uma cadeia de produção que está por detrás deles, como os técnicos de som e de iluminação.

Precisamos também olhá-los.

Sobre Darlan Alves Lustosa 7977 Artigos
Darlan Lustosa é formosense que gosta da escrita e acredita que a política é um meio de transformação da vida das pessoas.Vive e mora em Formosa do Rio Preto, no extremo Oeste da Bahia, com registro profissional 6978/BA e sindicalizado, sobretudo para fortalecer a causa e defender direitos.
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