Investimento em água de reúso é uma iniciativa sustentável

No Brasil, apesar da aparente abundância de recursos hídricos, o reúso de água vem conquistando espaço, principalmente nos grandes centros urbanos, nos quais a escassez representa altos investimentos e custos operacionais para captação e adução de águas a grandes distâncias.

O reúso em aplicações, como irrigação, refrigeração, lavagem de pisos e descargas de vasos sanitários, torna-se uma alternativa sustentável, ambientalmente correta e viável economicamente, já que os volumes utilizados pelas concessionárias públicas ou privadas são reduzidos drasticamente nos pontos de medição e cobrança.

O compromisso das empresas com a sustentabilidade está fazendo surgir muitas iniciativas inovadoras por todo o mundo. Essas práticas ajudam a otimizar o consumo de recursos hídricos. Seis em cada dez trabalhadores querem a adoção universal de água de reuso em escritórios, de acordo com o levantamento da JLL, marca registrada da Jones Lang LaSalle Incorporated.

“Além de atender ao anseio dos funcionários, a água de reúso poupa os recursos do planeta e reduz custos. Ela pode ser usada para irrigação de jardins e descargas, por exemplo”, enfatiza Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.

A Novo Nordisk desenvolveu, na fábrica de Montes Claros (MG), um sistema de captação e purificação de água de chuva com capacidade de uso de 80 milhões de litros/ano, investimento de R$ 13 milhões, economia de 40% no consumo, o que equivale ao consumo médio de 6.000 casas, com 4 pessoas cada, ao longo de um ano. Ela fabrica a insulina da caneta da saúde que é distribuída no SUS. Além dessa iniciativa, a fábrica também desenvolveu e instalou captação de água pluvial em 12 comunidades da região, por meio de caixas d´água produzidas com os resíduos da fábrica.

A horta urbana da Fatec Rio Preto reaproveita água de ar-condicionado. Alunos da unidade desenvolveram um sistema de irrigação com água reaproveitada dos aparelhos de ar-condicionado da unidade. O sistema automatizado funciona com sensores de umidade de solo, que indicam a necessidade de irrigação.

Os condomínios residenciais começam a se adaptar a essa realidade, criando sistemas de reúso de água. Para o gerente de Novos Negócios da Cipa, Bruno Queiroz, a medida, além de ajudar o meio ambiente e valorizar o imóvel, pode significar uma economia de até 30% na conta.

“A Organização Mundial da Saúde considera que cada pessoa precisa de pelo menos 40 litros diários de água, para beber, tomar banho, cozinhar e outras necessidades. Atualmente, mais de 1,1 bilhão de pessoas já não contam com este mínimo”, salienta Vininha F. Carvalho.

No Brasil gasta-se cerca de cinco vezes mais água do que o necessário. O consumo é de cerca de 200 litros por dia por pessoa. Este desperdício todo preocupa, afinal, o ser humano é capaz de ficar 60 dias sem comer, mas só resiste cinco sem água.

“O grande desafio é fazer com que os padrões específicos de uso destes recursos renováveis sejam efetivamente estabelecidos e amplamente discutidos para serem colocados cada vez mais em prática”, finaliza Vininha F. Carvalho.