Polícia desmantela organização criminosa que vendia e falsificava agrotóxicos proibidos no Brasil

Na Bahia, a operação ocorreu em São Desidério, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Riachão das Neves e no povoado de Novo Paraná. Operação também ocorreu no Paraná e cidades do Rio Grande do Sul

Foram cumpridas mais de 160 ordens judiciais nos estados do RS, PR e BA. - Foto: Polícia Civil do Rio Grande do Sul

As policias civis da Bahia, Paraná e do Rio Grande do Sul, desmantelaram uma organização criminosa que comercializava e falsificava agrotóxicos de uso proibido no Brasil. Quatorze pessoas foram presas e quase uma tonelada de embalagens falsificadas de agrotóxicos foram apreendidas nesta quinta-feira (15), durante a Operação Hórus.

Mais de 160 ordens judiciais foram executadas, entre elas 11 mandados de prisão preventiva, 55 mandados de busca e apreensão em residências e empresas de 15 cidades do Rio Grande do Sul, uma no Paraná e cinco na Bahia. Ainda segundo a PC, 22 mandados de busca e apreensão de veículos, que segundo o órgão de segurança eram usados ou foram adquiridos pela organização criminosa; 37 mandados de sequestro de bens e rendas e suspensão de CNPJ das empresas, consideradas laranjas.

Na Bahia, as investigações ocorreram em São Desidério, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Riachão das Neves e no povoado de Novo Paraná. Já no RS as cidades, alvo da operação foram: São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, Roque Gonzales, Bossoroca, Santiago, Itacurubi, Passo Fundo, Marau, Palmeira das Missões, Nova Ramada, Santo Ângelo, Giruá, Humaitá, Tiradentes do Sul e Cruz Alta e Marialva, no Paraná.

Segundo a Polícia Civil da Bahia, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério.

Já de acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a organização criminosa enviou diversas cargas de agrotóxicos ilegais para diversos produtores rurais do Brasil, em especial RS e Bahia. Ainda segundo a PC Rio-Grandense, as na Bahia se concentraram nas cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, região que tem se destacado nacionalmente na produção de grãos, especialmente a soja.

No RS, além de 125 policiais civis, participaram policiais da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento, Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura e Instituto-Geral de Perícias. No Paraná e Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento.

A investigação

As investigações da Draco São Luiz Gonzaga iniciaram há cerca de um ano, a partir de uma demanda da coordenação central da operação Hórus (Ministério da Justiça, em Brasília), juntamente com a Secretaria de Segurança Pública do RS e Chefia da Polícia Civil, já que estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicavam que, desde meados do ano de 2021, o RS tornou-se a porta de entrada de agrotóxicos ilegais fabricados na China e na Índia, que ingressam no território brasileiro pelos países vizinhos da Argentina e Uruguai.

Tal situação, que representa enorme risco à saúde pública, ao meio ambiente e à economia local e nacional, resultou num trabalho conjunto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que, por intermédio da Operação Hórus e Operação Controle Brasil, mapeou alguns grupos envolvidos e os pontos de ingresso dos agrotóxicos, resultando num trabalho investigativo amplo, que congregou todas as bases Hórus da Polícia Civil (São Luiz Gonzaga, Santiago, Bagé, Passo Fundo e Três Passos).

A organização criminosa tinha como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga/RS e se dividia em 6 células, que eram compostas por 34 pessoas físicas e 3 pessoas jurídicas (empresas). Dois grupos menores, um deles sediado na zona rural de Roque Gonzales/RS e outro em Humaitá/RS, eram os responsáveis pelo fornecimento dos agrotóxicos proibidos e insumos usados na falsificação.

As demais 4 células se dividiam na falsificação dos produtos e embalagens, na venda dos agrotóxicos proibidos e na lavagem da renda do crime por meio de “laranjas”, tendo como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga/RS.

Laranjas

No decorrer das investigações, que contaram também com a participação efetiva dos demais órgãos de segurança pública e fiscalização envolvidos na operação Hórus de grande parte do Brasil, apurou-se que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários, alguns deles do ramo de insumos agrícolas, sendo que alguns deles movimentaram, em poucos meses – de janeiro a agosto de 2022 – mais de 25 milhões de reais em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e amantes).

A Draco São Luiz Gonzaga monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro auferido com a venda criminosa dos agrotóxicos ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, “amantes” e empresas. Das atividades empresariais usadas para a lavagem da renda do crime, destacaram-se uma conhecida loja de roupas de grife, uma empresa do ramo de insumos agrícolas e uma pequena empresa de fabricação de “cucas” (pães doces), todas localizadas em São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul.

Reprodução: Polícia Civil do Rio Grande do Sul

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